Correio Braziliense, n. 20703, 28/01/2020. Brasil, p. 5

Jovem está em observação

Maria Eduarda Cardim



Uma jovem de 22 anos, que esteve na China, é monitorada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) com sintomas que podem ser enquadrados como os do coronavírus. Na semana passada, a pasta descartou o primeiro caso, relacionado a uma mulher de 35 anos, que também veio daquele país, e apresentava sintomas semelhantes.

De acordo com a SES-MG, a nova suspeita apresenta alguns sintomas respiratórios e febre baixa. Ela está internada, desde sexta-feira, na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA Centro-Sul) de BH e será removida para o hospital Eduardo de Menezes a fim de ser acompanhada.

Não foi informado de qual cidade e quando a jovem retornou para a capital mineira. “O caso será discutido com o Ministério da Saúde e, assim que tivermos novas atualizações, iremos informar”, diz nota emitida pela SES-MG. Isso porque, quando a pasta recebeu a notificação da semana passada, a secretaria não dispunha do protocolo do ministério, com orientações sobre esses casos.

Inspeção

O presidente substituto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, informou, ontem, que o órgão ainda não faz a inspeção de todas as aeronaves que chegam da China, epicentro do coronavírus. Conforme explicou, a vigilância sanitária será chamada para uma análise mais detalhada apenas se for notificada presença de pessoa com suspeita de coronavírus, o que ainda não aconteceu em voos que chegaram ao Brasil.

“A notificação (de casos suspeitos) não é uma opção do comandante (do avião). É compulsória. Nos casos em que é feita a notificação, a equipe terá acesso ao veículo. Vai efetuar triagem inicial”, disse o presidente substituto do órgão.

Se houver suspeita, a abordagem da Anvisa poderá, por exemplo, isolar o voo e levar os passageiros a um local seguro. Eles poderão ser monitorados por equipes de vigilância sanitária nos dias seguintes. A abordagem da agência, no entanto, dependerá de cada caso, segundo Torres.

“Os riscos existem. Estamos diante de situação de um agente viral levando a graves consequências de saúde. Estamos buscando melhor forma de lidar”, declarou ele.

Grupo de trabalho

A Anvisa criou ontem um grupo de trabalho interno, que ficará responsável por tratar assuntos relacionados ao coronavírus. Segundo Torres, “criamos aqui na própria agência um grupo que vai trabalhar exclusivamente com esse tema, no assessoramento das decisões tanto da diretoria colegiada quanto da própria presidência da agência”, explicou.

Torres reforçou que todos os servidores da agência estão treinados para a situação. A Anvisa tem entre 500 e 600 servidores nos aeroportos. “Não é dizer que estamos tranquilos. Diria que estamos atentos e atuantes para fazer o que é necessário”, salientou. Desde a última sexta-feira, os aeroportos da Infraero começaram a veicular avisos sonoros da Anvisa sobre o coronavírus para informar passageiros e aeroportuários.

A Alemanha registrou, na região da Baviera, o primeiro caso confirmado do coronavírus. Segundo comunicado, “um homem da região de Starnberg está infectado e (…) foi posto sob vigilância médica e em regime de isolamento”.