O Estado de S. Paulo, n. 46903, 18/03/2022. Metrópole, p. A14

Governo de SP deixa de exigir máscara em lugares fechados

Priscila Mengue
João Ker


 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em todo o Estado – o que inclui espaços fechados e escolas. A utilização seguirá compulsória em lugares destinados à prestação de serviços de saúde, como hospitais e UBSs, e nos locais de acesso e veículos de transporte coletivo de passageiros, como no metrô, no trem, nos ônibus e em aeroportos. Ao Estadão, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse que a capital seguirá a determinação e também acabará com o uso obrigatório do item de proteção contra a covid-19 a partir de hoje.

“O avanço da vacinação e a queda nas internações e óbitos permitem esta medida. Momento tão esperado depois de dois anos desafiadores. Estou muito feliz!”, publicou em rede social o governador. Segundo o Estado, a medida foi tomada após o comitê de especialistas escolhidos pelo governo (denominado Comitê Científico) indicar “melhora consistente na situação epidemiológica”. A decisão estava prevista para ser avaliada na próxima quarta, e foi considerada precipitada por outros pesquisadores ouvidos pelo Estadão.

Em vídeo veiculado pela assessoria do governo, Doria diz estar “muito feliz” e “aliviado” com “a volta à normalidade”. “Podemos voltar a sorrir, podemos voltar a expressar o nosso sentimento à família, a nossos amigos, a pessoas de forma geral, depois de 24 meses.” Ele comentou ainda que “aqueles que desejarem” poderão estabelecer os próprios mecanismos de proteção. “Viva o novo momento que temos em São Paulo a partir de agora.”

O decreto aponta, ainda, que a Secretaria da Saúde do Estado “editará normas complementares”, sem informar detalhes. A decisão torna o uso de máscaras opcional nos demais ambientes fechados, como escritórios, comércios, salas de aula, academias e outros. A liberação em ambientes ao ar livre foi anunciada no início deste mês.

Ontem, algumas escolas ainda aguardavam mais informações para se posicionar. Já a Arquidiocese de São Paulo recomendou a manutenção do uso em áreas internas de igrejas, pensando sobretudo nos mais vulneráveis.

Justificativa. O governo também divulgou nota técnica favorável do coordenador do Comitê Científico de Saúde do Estado de São Paulo, o médico Paulo Menezes. Ele destaca a redução de 18,9% nas internações na última semana.

Para outros especialistas, há riscos, envolvendo avanço de casos na Europa e a variante Deltacron. “Não é a hora de abandonar as poucas medidas de proteção que temos”, avalia Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacina. Epidemiologista da Unesp, Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza observou que “flexibilizações ainda são precoces e desnecessárias, principalmente no uso de máscara e em lugares fechados”. “Isso nos deixa mais vulneráveis.”