Correio Braziliense, n. 21365, 13/09/2021. Cidades, p. 16

Relatório indica queda na violência

Júlia Eleutério


O Distrito Federal fechou os oito primeiros meses deste ano com uma redução de 14,7% nos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais (homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte). É o que revela o levantamento mais recente da Secretaria de Segurança Pública, a que o Correio teve acesso em primeira mão.

As estatísticas apontam, ainda, redução de 17,4% nos seis crimes contra o patrimônio monitorados pela pasta: transporte coletivo, transeunte, furto em veículo, a residência, de veículo, e em comércios. Para chegar a esses índices, os técnicos da pasta compararam as ocorrências de janeiro a agosto deste ano, com os registros no mesmo período de 2020.

Em números absolutos, houve redução de 3,7 mil registros de furtos e roubos no DF, crimes que, segundo o governo, impactam diretamente na sensação de segurança dos moradores. Os roubos em transporte coletivo tiveram uma das quedas mais expressivas: 45,6%, passando de 720 ano passado, para 392 este ano.

O secretário de Segurança Júlio Danilo celebra os resultados e elenca as políticas públicas adotadas pelo GDF para estancar a violência urbana. Para ele, o alto percentual de resolução de crimes; o enfrentamento ao tráfico de drogas e ao porte ilegal de armas feito pelas forças de segurança; além do tempo resposta do Corpo de Bombeiros no atendimento às vítimas foram importantes na redução das tragédias urbanas. "A identificação e prisão de autores impacta a incidência desse tipo de crime, pois impede a reincidência", avalia Danilo.

A atuação da inteligência das forças, com foco na mancha criminal e levantamentos da realidade das microrregiões é outra estratégia citada pelo secretário de segurança, com resultados positivos. "Com o apoio do governador Ibaneis Rocha, estamos avançando com o programa DF Mais Seguro, que é a base das ações de Segurança Pública até o final de 2022. Cabe destacar, ainda, a importância do trabalho integrado entre as forças de segurança para que superássemos os bons números conquistados nos últimos dois anos", pondera.

 

Subnotificação

Para a professora de direito penal do Instituto Brasiliense de Direito Público (Idp), Carolina Costa Ferreira, é preciso um diagnóstico detalhado por região administrativa para avaliar se os impactos positivos das ações melhoraram os índices das áreas com altos índices de crimes, ou deixaram as regiões tradicionalmente mais protegidas ainda mais seguranças.

Carolina não acredita que a queda nos números tenha relação direta com a pandemia do covid-19, mas não descarta a subnotificação de crimes. Ela destaca que pesquisas nacionais indicam que políticas públicas locais podem contribuir para a redução do número de homicídios, assim como o monitoramento de regiões em que exista disputa do mercado de drogas e a atuação de outras organizações criminosas.

Vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no DF - (no mês de agosto)

ANO CASOS

2000 66
2001 57
2002 38
2003 57
2004 39
2005 39
2006 51
2007 43
2008 50
2009 74
2010 53
2011 66
2012 71
2013 59
2014 47
2015 40
2016 57
2017 35
2018 31
2019 24
2020 27
2021 25

Vítimas de homicídios no DF (no mês de agosto)

ANO CASOS

2000 58
2001 48
2002 35
2003 47
2004 35
2005 33
2006 47
2007 41
2008 44
2009 70
2010 48
2011 60
2012 69
2013 55
2014 43
2015 38
2016 51
2017 31
2018 28
2019 23
2020 25
2021 24