Correio Braziliense, n. 21365, 13/09/2021. Política, p. 2

Defesa do diálogo e da pacificação

Ana Maria Pol
Maria Eduarda Cardim


Dias após atos que marcaram o feriado da Independência, autoridades voltaram a ressaltar a importância do respeito à democracia e o diálogo entre os Poderes da República. Ontem, na celebração dos 119 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek, os discursos dos políticos presentes no evento convergiram todos na mesma direção. Ao exaltar os feitos de JK e a busca por diálogo do idealizador de Brasília, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), acredita que Juscelino continua sendo exemplo nos tempos atuais.

Ao ser questionado se, ao evidenciar o respeito de JK pela democracia, a intenção era mandar um recado para o presidente Jair Bolsonaro, Pacheco disse que não era especificamente para ninguém, mas para todos os brasileiros. “É um evento muito significativo para deixar cada vez mais viva e presente a memória de alguém que foi tão importante para o Brasil e continua sendo em razão do exemplo que deu. Pelo desenvolvimento do país, integração do país, da busca de diálogo. Ele foi um grande democrata e um grande republicano”, disse.

A habilidade de JK em dialogar com diferentes setores e vertentes políticas foi destacada, também, pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para quem JK é um exemplo a ser seguido por toda a população e, principalmente, pelas autoridades. “Foi um dos maiores democratas que esse país já teve. Advindo de MG, com uma história maravilhosa e com todas as dificuldades do interior de Diamantina, ele chegou à capital da República mostrando tudo o que precisamos ver neste momento, que é o diálogo", pontuou.

Para Ibaneis, os políticos precisam entender que “as pessoas que sofrem nas ruas precisam da nossa compreensão e precisam do nosso diálogo para recolocar o nosso país nos trilhos do desenvolvimento, da empregabilidade, do socorro àqueles mais carentes”.

A necessidade de reafirmar a importância do respeito à democracia e da busca constante por pacificação entre os Poderes se faz necessária diante dos recentes ataques do presidente da República às instituições. Em discursos feitos nas manifestações do feriado de 7 de setembro, Bolsonaro atacou o Judiciário e chegou a dizer que não iria mais obedecer ou respeitar as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Carta

Após isso, em uma carta, intitulada “Declaração à Nação”, o presidente da República afirmou que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes” e que as palavras, “por vezes contundentes”, contra Moraes “decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

Pacheco comentou novamente que a carta foi vista como uma sinalização positiva e disse que ainda espera que os Poderes se respeitem. “O bem comum se constrói no ambiente democrático. Então, nós precisamos é de união e pacificação no Brasil”, disse o Presidente do Senado, que indicou ter expectativa e confiança que essa mensagem se perpetue como uma tônica entre os Poderes.

“A vida do país passa por um momento de crise, sobretudo com a iminência de inflação, a realidade do desemprego, da fome e da miséria, de uma crise energética, de uma crise hídrica, que recomendam realmente que se coloquem à mesa qual o planejamento e quais as ações que nós temos para enfrentar esse problema e solucionar o problema dos brasileiros. Portanto, eu acredito muito nessa possibilidade de união nacional em favor do que interessa ao povo brasileiro”, declarou.

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