Correio Braziliense, n. 20696, 21/01/2020. Mundo, p. 13

EUA reafirmam aval a Guaidó



O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, convocou os aliados a seguirem apoiando os esforços da Casa Branca e da oposição venezuelana para acabar com a “tirania” do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Durante visita a Bogotá, primeira parada de uma viagem pela América Latina e pelo Caribe, Pompeo reativou o apoio aos opositores de Maduro, liderados por Juan Guaidó, com quem se encontrou em Bogotá ontem.

“O mundo deve continuar apoiando os esforços do povo venezuelano para retornar à democracia e acabar com a tirania de Maduro, que prejudica milhões de venezuelanos e afeta a Colômbia e toda a região”, afirmou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos. “Espero que ações mais permanentes dos Estados Unidos continuem apoiando o presidente Guaidó e o povo venezuelano”, disse Pompeo, depois de conversar com o autoproclamado presidente interino da Venezuela — reconhecido no cargo por mais de 50 países.

Guaidó chegou no domingo a Bogotá desafiando a proibição de sair da Venezuela imposta por autoridades chavistas. Antes do encontro com o opositor venezuelano, Pompeo se reuniu com o presidente da Colômbia, Iván Duque, com quem também participou de uma conferência regional sobre a luta contra o terrorismo.

Miséria

O secretário de Estado condenou a “miséria infligida” por Maduro, que provocou o êxodo de milhões de pessoas da Venezuela. Dos 4,6 milhões de venezuelanos que deixaram o país, segundo a Organização das Nações Unidas, ao menos 1,6 milhão estão na Colômbia. Nesse sentido, destacou o apoio da Colômbia na cruzada americana contra Maduro, cujo governo foi alvo de várias sanções econômicas, incluindo um embargo ao petróleo.

“Alegra-me ver a cooperação nos mais altos níveis. Os cidadãos rechaçam o autoritarismo e exigem liberdade. A Colômbia tem sido chave nesta visão democrática” na região, afirmou Pompeo. Desde que Maduro assumiu pela primeira vez a presidência em 2013, a Venezuela, que possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, sofreu uma forte contração em sua economia. Apesar da crise política e econômica, dos esforços de Guaidó e das sanções de Washington, Maduro permanece no poder apoiado pelas forças de segurança, bem como por Cuba, Rússia e China.

Em 2019, Guaidó fracassou em sua intenção de depor Maduro, mesmo que afirme ter ‘tentado de tudo”. A popularidade do opositor caiu de 63% em janeiro para 38,9% em dezembro, de acordo com o instituto de pesquisa Datanlisis.

Em seu encontro com Pompeo, o presidente colombiano pediu mais sanções contra a “tirania” da Venezuela por seu apoio a grupos “terroristas” colombianos em seu território. O governo Duque denunciou insistentemente que os chefes rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dos dissidentes das Farc estão na Venezuela, com o suposto apoio de Maduro e de suas autoridades governamentais.

Considerado o último grupo rebelde ativo na Colômbia, o ELN realizou negociações de paz primeiro em Quito e depois em Havana com o Prêmio Nobel da Paz Juan Manuel Santos (2010-2018). Após sua chegada ao poder, Duque estabeleceu novas condições para continuar as fracassadas negociações. Finalmente, interrompeu o processo há um ano, após um ataque com carro-bomba reconhecido pelo ELN contra uma academia de polícia em Bogotá, onde 22 cadetes morreram, além do motorista do veículo.  Ontem, Duque, Pompeo e Guaidó prestaram homenagem às vítimas deste ataque.