O Estado de S. Paulo, n. 46890, 05/03/2022. Economia & Negócios, p. B1

PIB se recupera do 1º ano da pandemia

Daniela Amorim
Vinicius Neder
Bruno Villas Bôas
Cristina Canas
Renata Pedini
Marcio Rodrigues


 

Com crescimento de 4,6% em 2021, a economia do Brasil se recuperou da retração de 2020, provocada pela covid-19, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior crescimento anual desde 2010, mas a atividade econômica encerrou o ano passado apenas ligeiramente acima do nível do fim de 2019. E as perspectivas para este ano, que já eram de estagnação, podem piorar com a guerra na Ucrânia.

O avanço de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todo o valor gerado na economia) do quarto trimestre ante o terceiro surpreendeu analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam alta de apenas 0,2%. Apesar da surpresa, a expectativa é de crescimento tímido em 2022. Novo levantamento, concluído no fim da tarde de ontem, apontou para um avanço de apenas 0,4% este ano.

Antes mesmo de a Rússia invadir a Ucrânia, a inflação elevada – turbinada por alimentos, energia e combustíveis, pelo encarecimento de matérias-primas e pela alta do dólar, que só deu alívio neste início de 2022 – já corroía o rendimento das famílias, segurando o consumo, ao mesmo tempo que levava o Banco Central (BC) a elevar os juros básicos, esfriando uma demanda já não muito aquecida.

“O PIB do quarto trimestre foi melhor do que esperávamos e surpreendeu, principalmente o consumo das famílias. Mas, olhando para a frente, a guerra piorou as perspectivas, e a economia ficará estagnada, na melhor das hipóteses”, disse o economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto.

Novas rodadas de valorização de matérias-primas, como o petróleo, poderão pressionar ainda mais a inflação e os juros. / Daniela Amorim, Vinicius Neder, Bruno Villas Bôas, Cristina Canas, Renata Pedini e Marcio Rodrigues