Correio Braziliense, n. 20690, 15/01/2020. Economia, p. 8

Venda dos Correios não sai este ano

Rosana Hessel



O secretário de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, não vê espaço para a privatização dos Correios em 2020, apesar de a estatal ter sido incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal em agosto do ano passado, porque deve “dar mais trabalho”. Por conta disso, a venda da companhia só deverá ocorrer no fim de 2021.

Ele descartou qualquer chance de a empresa ser liquidada. “Liquidação é uma das últimas opções. A companhia tem ativos de valor”, afirmou Mattar. Ele informou que está sendo contratada uma consultoria para avaliar as alternativas do modelo de privatização dos Correios e, por conta disso, dificilmente a venda da companhia ocorrerá neste ano.

“A empresa tem uma complexidade muito grande, tem um monopólio estatal e a questão da universalidade da entrega da carta (que está prevista na Constituição Federal), tem mais de 100 mil funcionários. Por isso, os Correios vão dar um pouco mais de trabalho”, afirmou o secretário.

Dependência

Os Correios estão entre as quatro empresas listadas por Salim Mattar que precisam de proposta de emenda à Constituição (PEC) ou projeto de lei para serem desestatizadas. As outras três são Eletrobras (que já tem um projeto de capitalização, mas que está parado no Congresso), Casa da Moeda e Hemobras.

Com o objetivo de acelerar o processo de desestatização, o secretário adiantou que enviará ao Legislativo em fevereiro, quando acabar o recesso, um projeto de lei para implementar o “fast track”, ou linha rápida, para as privatizações.

A meta deste ano é arrecadar R$ 150 bilhões com a desestatização ou desinvestimento em 300 empresas, entre controladas, subsidiárias, coligadas e simples participação. Nessa lista, não estão incluídas Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da Amazônia S.A. (Basa) e Banco do Nordeste.

Em 2019, foram arrecadados R$ 105,4 bilhões com as desestatizações e desinvestimentos de 71 companhias, segundo informações do secretário. Entre elas, está a CorreiosPar, que foi liquidada no fim do ano passado.

A Eletrobras é uma das estatais que a equipe econômica pretende privatizar neste ano com o intuito de reduzir custos, segundo o secretário. “A Eletrobras é nossa prioridade e esperamos fazer a capitalização para aliviar os cofres públicos”, garantiu. Contudo, ele admitiu que o processo ainda tem muitas dificuldades pela frente.

De acordo com dados de Salim Mattar, a Eletrobras onera muito os cofres públicos, pois o custo para manter a fatia do governo federal na Eletrobras é de R$ 14 bilhões por ano. “O governo não tem esse dinheiro para manter a participação”, disse.