O Estado de S. Paulo, n. 46166, 11/03/2020. Internacional, p. A12;

Novas vitórias de Biden ampliam seu favoritismo à indicação democrata


 

O ex-vice-presidente Joe Biden consolidou ontem sua vantagem sobre o senador Bernie Sanders na disputa pela indicação democrata para concorrer à eleição presidencial de novembro contra Donald Trump. Segundo resultados parciais, Biden venceu em Mississippi, Missouri e no crucial Estado de Michigan, onde estavam em disputa 125 delegados e foi chave para a vitória de Trump, em 2016.

Ao todo, seis Estados realizaram primárias ontem, para alocar 365 delegados. A divisão de delegados dessas seis localidades entre os candidatos vai ocorrer de forma proporcional entre os postulantes, conforme a votação. Até ontem, Biden acumulava 766 delegados e Sanders, 618. Para vencer a indicação dentro do partido são necessários 1.991 delegados, de um total de 3.879.

Michigan era o Estado mais cobiçado. Sanders contava com uma vitória, como em 2016. Na ocasião, ele bateu Hillary Clinton, ficando com 67 delegados, contra 63 da ex-primeira-dama. Com a derrota de ontem, há quem aposte que o senador possa desistir na disputa até a próxima terça-feira.

Já Biden chegou quase derrotado para a série de três Superterças. No entanto, já na primeira votação, em 3 de março, ele renasceu, depois de derrotas significativas em Iowa, New Hampshire e Nevada.

A confirmação da reação veio na sequência, com vitória convincente na Carolina do Sul. Por fim, após o triunfo de ontem à noite, analistas já o apontavam como provável rival de Trump em novembro.

Coronavírus. A principal discussão nas primárias de ontem foi o coronavírus. Por causa da disseminação da doença, Sanders e Biden anunciaram o cancelamento de eventos de campanha de ontem citando preocupações com a enfermidade. As duas campanhas disseram que consultarão autoridades ligadas à saúde pública para determinar como proceder nos próximos dias.

“Nossa preocupação é com a segurança e a saúde pública”, disse Mike Casca, chefe da campanha de Sanders.

Logo em seguida, Biden tomou a mesma decisão. “De acordo com a orientação das autoridades locais e por precaução, decidimos cancelar o comício em Cleveland”, afirmou pelo Twitter Kate Bedingfield, diretora de comunicação da campanha do ex-vice-presidente americano.

As primárias de ontem foram um teste especial para o Estado de Washington, o mais afetado pela epidemia de coronavírus. Até o início da noite de ontem, segundo o New York Times, os EUA tinham 955 casos confirmados, dos quais 262 em Washington, com 24 mortes no Estado – do total de 29 registradas no país inteiro.

As prévias de Washington, no entanto, têm uma peculiaridade: os votos são todos enviados pelo correio, o que evita filas e aglomerações. Mesmo assim, as autoridades emitiram alertas à população com um apelo para que os eleitores não lambam os envelopes antes de postá-los.

Na Casa Branca, Trump está em uma encruzilhada. Desde o início da epidemia, ele minimiza os efeitos do coronavírus. Ele, no entanto, teme ter sido contaminado, após manter contado com aliados que tiveram encontros com infectados. / AP, NYT e WP