Correio Braziliense, n. 20648, 04/12/2019. Política, p. 3

Economia como trunfo para 2022
Ingrid Soares


O presidente Jair Bolsonaro vê no fortalecimento da economia o grande trunfo para buscar a reeleição em 2022. Ele destacou, ontem, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou crescimento de 0,60% no terceiro trimestre, ante o trimestre anterior. O desafio, segundo especialistas, é que isso seja transformado em melhorias concretas para a população.

No último dia 2, Bolsonaro voltou a sinalizar que trabalha com a possibilidade de continuar no comando do Executivo. O discurso foi feito durante o lançamento da Campanha Pátria Voluntária, no Palácio do Planalto. “A nossa missão é entregar em 2023 ou 2027 um Brasil bem melhor para quem nos suceder”, afirmou, na ocasião.

Bolsonaro, no entanto, sofreu com a reação demorada da economia e pressionou o ministro da área, Paulo Guedes, por resultados. Ele temia que o baixo desempenho aliado ao elevado índice de desemprego culminasse em manifestações como as que ocorrem em outros países da América do Sul, como o Chile.

Com a melhora nos indicadores, Bolsonaro acredita que o argumento de economia fraca, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atacá-lo, cairá por terra. “Veio em boa hora”, disse, ontem, ao comemorar o resultado do PIB.

Para o cientista político Marcus Vinicius Macedo Pessanha, a melhora na economia é um indicativo poderoso. No entanto, é necessário que a guinada econômica se transforme em benefícios reais para a população. Ele aponta que as próximas eleições presidenciais ainda estão distantes e é preciso que Bolsonaro tome precauções para que a economia não sofra o efeito voo de galinha.

“É preciso reverter isso em benefícios concretos em relação aos eleitores, seja em aumento de poder de compra, seja em geração de emprego, seja em melhorias de condição de vida e infraestrutura. As polêmicas permeando o governo não têm sido favoráveis”, ressaltou. “É preciso lembrar que a economia é dinâmica. O aumento do PIB é ótimo, mostra que terá um quadro favorável ao ambiente de negócios, costuma ser indicativo forte de que condições de vida da população serão melhoradas, mas tem que ter percepção de que a reeleição está distante, e esses indicativos podem ser um voo de galinha: começam e não duram muito tempo. É preciso criar benefícios reais e efetivos para a população. Se isso ocorrer e se mantiver, ele se transforma num forte candidato à reeleição.”