Correio Braziliense, n.20562, 09/09/2019. Política. p. 2

Bolsonaro tem quadro estável após cirurgia
Vera Batista


O presidente Jair Bolsonaro deve receber alta da cirurgia a que foi submetido, ontem, em São Paulo, em cinco ou seis dias, mas só poderá voltar a Brasília, se não houver complicações, entre o sétimo e o décimo dia de recuperação. A previsão é do cirurgião Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, que liderou a equipe que realizou o procedimento para correção de uma hérnia incisional, no Hospital Vila Nova Star. Segundo ele, Bolsonaro passa bem e apresenta quadro estável.

“A cirurgia transcorreu muito tranquila, não houve nenhuma sutura intestinal, não houve sangramento”, disse Macedo, em entrevista coletiva na tarde de ontem. De acordo com boletim médico, o procedimento durou cerca de cinco horas, mais que a previsão inicial de duas a três horas — começou às 7h35 e terminou às 12h40. Pelo quadro positivo, segundo os médicos, hoje, o paciente já deve dar os primeiros passos pelo quarto. Foi a quarta intervenção cirúrgica do presidente após receber uma facada, em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral.

Da sala de cirurgia, o presidente foi levado diretamente para um quarto, sem necessidade de passar pela UTI. No fim da tarde, ele já estava usando as redes sociais. “Mais uma cirurgia. Desta vez foram cinco horas, mas estamos bem. Obrigado a todos pelo apoio e orações! Obrigado, Deus, pela minha vida! Logo estarei de volta ao campo. Irruuu!”, escreveu.”

O primeiro a dar notícias, pelo Twitter, foi o filho mais novo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “JB acabou de sair da sala de cirurgia com todos os indicadores de saúde muito bem. Agradecemos a Deus, a toda equipe médica do hospital e a todos que rezaram/oraram. A cirurgia foi um sucesso”, escreveu. Por volta das 15h, o mais velho, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), informou, também pelo Twitter: “@jairbolsonaro já no quarto, disposto e bem-humorado, graças a Deus! Obrigado à equipe médica e a todos, pelas orações!”. O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC) postou um sinal positivo e a bandeira do Brasil na rede social.

Ao explicar o procedimento médico, o cirurgião Antônio Macedo disse que não houve complicações e que a cirurgia foi longa porque o intestino estava bastante aderido à parede abdominal. “Normalmente, uma (operação de) hérnia não demora tudo isso. Mas a gente não contava que tinha aderido tudo de novo em relação à cirurgia de 28 de janeiro. Isso teve de ser feito com muito cuidado, você não pode machucar o intestino em hipótese nenhuma. Teria sido melhor se (a cirurgia) fosse com duas horas, teria sido mais fácil”, disse.

O médico apontou ainda que a hérnia desenvolvida por Bolsonaro decorreu do ferimento da facada e das cirurgias posteriores. “Houve uma lesão grave da parede abdominal, que ficou muito fraca. Além disso, logo após a facada, ele desenvolveu uma peritonite. Em 12 de setembro do ano passado, ele foi operado já aqui em São Paulo dessa peritonite. Isso infectou muito a parede, deixou a parede muito enfraquecida, o que necessitou (agora) da correção dessa hérnia”. Para reforçar o tecido abdominal, os médicos implantaram uma tela de polipropileno.

Bolsonaro inicia hoje uma dieta líquida. Após dois dias, poderá consumir alimentos pastosos. O repouso é importante, porque infecções ou excesso de esforço físico podem dificultar a cicatrização. A operação é considerada de médio porte e foi a “céu aberto” — não por laparoscopia. Mas os médicos que o operaram destacaram que a chance de recidiva, ou seja, de outra hérnia surgir no lugar, é muito pequena, cerca de 6%.

Visitas restritas

“O procedimento foi bem-sucedido, realizado pelo cirurgião-chefe Dr. Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo e sua equipe. A técnica utilizada foi a Herniorrafia Incisional com implantação de tela. O paciente fará sua recuperação no apartamento e apresenta quadro clínico estável. Por orientação médica, estará com visitas restritas neste momento”, apontou o boletim, assinado por Macedo, pelo clínico Leandro Echenique, clínico, e o diretor médico do hospital, Antônio Antonietto. Os filhos do presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, acompanharam a cirurgia em uma sala especial com visão para o centro cirúrgico.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, informou que o hospital tem estrutura adequada para que o presidente possa improvisar um gabinete para despachar ainda durante a internação. O vice-presidente, Hamilton Mourão, vai assumir a presidência pelos próximos cinco dias. De acordo com a equipe médica, a princípio não haverá problemas para que o presidente retome o trabalho após receber alta do hospital. “Ele está, do ponto de vista clínico, do ponto de vista geral, muito bem, não tem sinais de cansaço, de esgotamento, de nada”, disse Macedo. (com Agência Brasil)