Correio Braziliense, n. 20631, 17/11/2019. Cidades, p. 20

Por que Brasília precisa de metrô

Jéssica Eufrásio
Thiago Cotrim


Em 59 anos, o Distrito Federal ultrapassou a marca de 3 milhões de habitantes e está cada vez mais perto de alcançar a frota de 2 milhões de veículos. Diante de engarrafamentos frequentes e do crescimento da população, encontrar saídas é fundamental. Uma das que se destacam — por envolver um meio seguro, ecológico e eficiente para os usuários — é o metrô. No entanto, as melhorias no sistema metroviário da capital federal dependem de estudos, audiências públicas e do fechamento de uma parceria público-privada, com previsão para 2020.

A rotina de quem passou a contar com o modal no dia a dia se transforma. Rita Sônia, 37 anos, mudou-se para Ceilândia há 12 anos, vinda do Maranhão. Ela usa o metrô pelo menos duas vezes por semana, na ida e na volta, nos dias em que trabalha como doméstica. Nas demais ocasiões, aproveita o meio de transporte para passear por Águas Claras. “Acho muito bom, porque nos dá opção. Antigamente, quando usava só o ônibus, eu sentia que os meus dias eram muito mais demorados. Hoje, consigo chegar em casa em, no máximo, uma hora, além de (o sistema) trazer mais conforto”, conta.

Em 2015, teve início o estudo que resultou no Plano de Desenvolvimento do Transporte Público sobre Trilhos (PDTT/DF). O projeto — elaborado pela Logit Engenharia Consultiva Ltda. e pela Tecton Planejamento e Consultoria Ltda., sob supervisão da Companhia do Metropolitano (Metrô/DF) — apresenta proposta de expansão do Sistema de Transporte Público sobre Trilhos do Distrito Federal (STPT/DF) ao longo de 20 anos. O principal ponto da sugestão é a previsão de uma rede de conexão formada pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) integrado ao metrô.

Apesar de funcionar como uma espécie de guia, não é possível dizer que o plano será aplicado como projetado. A Secretaria de Mobilidade (Semob) está em fase de escolha da companhia responsável por modernizar o modal por meio de parceria público-privada com o Governo do Distrito Federal (GDF). Nove consórcios de empresas participam do processo. Os grupos têm até sexta-feira para apresentar estudos com as sugestões de mudanças. A pasta e a Metrô/DF analisarão as propostas, e as apresentarão durante audiências públicas para a proposição de ajustes.

Concessão

A ideia, segundo a Metrô/DF, é trabalhar em cima do sistema atual. “Apesar de propor eventual expansão, o principal objetivo, no primeiro momento, é melhorar a eficiência do que existe, trazendo ganhos para o usuário e o governo, além de benefícios para o que precisa ser complementado a título de subsídio”, explica o chefe da assessoria especial de parcerias da Semob, Henrique Oliveira Mendes. Os custos referentes aos estudos serão ressarcidos durante o pagamento do contrato.

Entre as melhorias previstas, há o atendimento de mais passageiros nos horários de pico, a redução do tempo entre trens e nas filas, além da modernização das composições e estações. “Estamos levando o PDTT em conta. Todo o material foi disponibilizado aos interessados. Mas ele é muito mais amplo. O foco do estudo é o metrô”, detalha Henrique. A licitação para a contratação da empresa deve sair no próximo ano. “Por lei, podemos ter contratos de até 35 anos. No momento da audiência pública, antes da licitação, o projeto se tornará público, com prazo para contribuição de toda a sociedade”, completa.

Sob avaliação

Em agosto, o Governo do Distrito Federal começou a analisar o estudo elaborado por cinco empresas interessadas em operar o VLT. O sistema ligará o Aeroporto de Brasília ao Setor Noroeste, passando pelo Terminal da Asa Sul, seguindo pelas W3 Sul e Norte em um trajeto de 22km. Diariamente, o modal poderá transportar 200 mil pessoas. Nove companhias manifestaram interesse. Destas, cinco foram selecionadas. Os documentos servirão de base para a licitação do projeto, assinada por meio de parceria público-privada.

O metrô no DF

» 24 Estações

» 3 Em construção

» 2 Sem operar

Composições

» 32 Frota total

» 24 No horário de pico

» 4 Carros por trem

USO

» 160 mil Passageiros por dia

» R$ 184 milhões Receita em 2018

» R$ 200 milhões Em subsídios pagos pelo GDF

» 42,38km De malha