Correio Braziliense, n. 20632, 18/11/2019. Política, p. 2

Protestos a caminho



Aliada ao trabalho das duas frentes parlamentares, uma série de manifestações públicas está programada para defender os direitos do funcionalismo. Essa mobilização está sendo organizada por centrais sindicais e entidades representativas dos servidores públicos. Para Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), as medidas discutidas pelo governo contribuem para o “agravamento do desmonte dos serviços públicos prestados à população brasileira”.

“Já vimos esse filme, e ele faz parte de uma política neoliberal que adota austeridade e promove cortes no setor público, usando como velha desculpa a necessidade de enxugar a máquina pública. Apontar servidores como ‘inimigos’ também não é novidade”, disse o sindicalista. “Mas a população deve estar muito atenta. Para nós, é um desserviço falar em privilégios no setor público de modo generalizado. Pois essa não é a realidade da absoluta maioria dos servidores”, acrescentou, frisando que os funcionários do Executivo estão há dois anos sem qualquer reposição salarial.

Segundo Sérgio Ronaldo, a estabilidade no funcionalismo, por exemplo, é equivocadamente interpretada como um privilégio. “Está quase que no imaginário popular que um servidor público jamais pode ser mandado embora, ser exonerado. Mas isso não corresponde aos fatos. De 2003 até agora, dados oficiais do governo mostram que mais de 7,5 mil servidores foram exonerados de cargos públicos”, explicou.

Na sua opinião, a estabilidade não serve para beneficiar maus servidores, mas para proteger os bons que devem ter segurança para realizar as funções e atribuições que lhe competem, em benefício da sociedade, “sem sofrer com isso nenhum tipo de perseguição ou situações do gênero”.

Quanto à PEC que prevê a redução da jornada e redução proporcional de salários e subsídios, o  secretário-geral da Condsef disse que ela representa a continuidade de um processo de arrocho há anos imposto ao funcionalismo.

“Os servidores já enfrentam problemas com essa política neoliberal que desde o final de 2016. Já com Temer, a Emenda Constitucional 95 foi aprovada, e a maioria dos servidores federais, desde então, está com suas remunerações congeladas. O arrocho salarial não é exatamente uma novidade para servidores que, durante os 8 anos de governo Fernando Henrique Cardoso, chegaram a acumular perdas salariais de quase duzentos por cento, considerada a inflação”, afirmou o líder sindical.

“Aquele período, do governo FHC, ficou conhecido como anos de chumbo. Servidores enfrentaram também tempos difíceis quando muitos foram demitidos no governo Collor. Atravessamos esses momentos com unidade e mobilização e superamos. Não será diferente agora”, alertou Sérgio Ronaldo.