Correio Braziliense, n. 20635, 21/11/2019. Política, p. 3

Eduardo prega sobriedade



O Aliança não vai destrinchar as ações e demais estratégias para as eleições em 2020. Mas, passo a passo, o partido começa a ganhar corpo e musculatura política. No Ceará, oito deputados estaduais sinalizam a intenção de migrar para a futura legenda quando for aberta a janela partidária. Em Goiás, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), mantém diálogo próximo com aliados que assumirão presidências de diretórios municipais quando a sigla estiver homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda assim, os principais líderes do partido em gestação pregaram cautela, a exemplo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Ao Correio, ele garantiu que o momento é de sobriedade, não de euforia em relação ao futuro da legenda. Dessa forma, tem buscado frear o ímpeto dos mais empolgados com as eleições municipais de 2020, deixando claro que todo e qualquer nome está sendo analisado caso a caso. “Muita gente anda tentando puxar para si, principalmente diretórios municipais, dizendo ‘ah, eu já sou do Aliança, já comecei’, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto”, avisou.

Irmão dele, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) deve ser confirmado hoje presidente do diretório estadual do Rio de Janeiro, segundo garantem interlocutores. A expectativa é de que, quando puder anunciar a migração, Eduardo assuma a presidência da executiva estadual em São Paulo. O deputado evita, contudo, se aprofundar nas estratégias e prioridades da futura legenda para 2020. “Primeiro, o partido tem que existir, tem que ter a coleta de assinaturas, vai ter a convenção nacional na quinta (hoje). Então, um passo de cada vez. Mas, daqui a pouco, a gente começa com a coleta de assinaturas”, explicou.

Como deputado federal mais votado da história do país pelo eleitorado paulista, Eduardo disse que, pessoalmente, não está pensando na montagem partidária do Aliança em São Paulo, com a composição dos diretórios municipais e estaduais de olho nas eleições de 2020 e 2022. “Não, eu tenho uma outra filosofia. Minha filosofia é fora do partido. Quatro anos do mandato e a gente está em eleição, vamos assim dizer. E o que elege deputado não é ser presidente de um diretório municipal ou estadual. O que elege é a satisfação do povo, a confiança, e isso pode ser trabalhado nos quatro anos, independentemente do cargo que vou ocupar dentro do partido”, destacou.

Alinhamentos

O argumento de Eduardo é respaldado por Bolsonaro, disse o deputado estadual André Fernandes (PSL-CE). O parlamentar foi recebido, na manhã de ontem, pelo presidente da República e, no encontro, a pauta de estrutura partidária do Aliança no estado nordestino não foi debatida. “Hoje (ontem), na conversa que tivemos, não tinha isso de já estar alinhando os escritórios”, ressaltou. O parlamentar anunciou que, assim que possível, migrará para o Aliança. Outros sete deputados no estado podem adotar o mesmo caminho.

Embora tenha evitado entrar nas minúcias eleitorais do Aliança no Ceará e no Nordeste, Bolsonaro externou a Fernandes o desejo de estruturar a futura legenda com pessoas de confiança. “Tem de ser escolhida uma liderança forte por estado que seja da confiança do presidente”, afirmou Fernandes. A ideia de Bolsonaro é priorizar “qualidade”, não “quantidade”. Ou seja, a principal preocupação do chefe do Planalto é compor o Aliança com pessoas de sua mais alta confiança. (RC)