Correio Braziliense, n. 20671, 27/12/2019. Brasil, p. 6

Bolsonaro irritado
Ingrid Soares


Durante a transmissão da live, ontem, o presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar a questão do juiz de garantias, ponto polêmico do pacote anticrime. “Lógico que estou preocupado com voto de eleitor, mas não posso ser escravo de todo mundo. Nenhum juiz consegue, nos grandes processos de corrupção como os da Lava-Jato, fazer todo o processo sozinho. Na 13ª Vara de Curitiba, por exemplo, não era só o Sérgio Moro, era um batalhão de juízes”, disparou. “Não tenho que explicar essa situação, o que me surpreende é um batalhão de internautas juristas e constitucionalistas para debater o assunto. “Eu aceito críticas fundamentadas, mas tem muita gente falando abobrinha.”

Visivelmente chateado, Bolsonaro reclamou das críticas que vem recebendo de internautas que o chamaram de traidor por conta da decisão de deixar o juiz de garantias no pacote anticrime, apesar do pedido de Moro para que o item fosse vetado. “Se vai te prejudicar, é simples: não vota mais em mim”, afirmou. “Bateram demais em mim. Juiz de garantia. Abusaram, hein? Aqueles que fizeram críticas construtivas, tudo bem. Alguns que foram para a questão pessoal, familiar, aí, lamento, mas sai da minha página, tá legal? Crítica a gente aceita sem problema nenhum.”

O presidente afirmou, ainda, que a decisão de manter o juiz de garantias não foi motivada pela intenção de favorecer o filho Flávio, investigado por suspeita de rachadinha quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio. “Não fiz nenhum trato com ninguém sobre vetar o juiz de garantia”, apontou.