Correio Braziliense, n. 20641, 27/11/2019. Cidades, p.19

Sobe para 32 o total de feminicídios no ano

Caroline Cintra
Mariana Machado


Os números de feminicídios continuam a subir no Distrito Federal. Em 2019, são 32 casos confirmados, superando, em 10,3%, o ano passado, que terminou com 29 ocorrências. Nas últimas 24 horas, a Polícia Civil confirmou a tipificação em dois casos em apuração: de Sandra Moraes, 39 anos, morta pelo irmão; e Gláucia Sotero, 45, assassinada pelo ex-companheiro. Ambas foram enforcadas.

Segundo investigação da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), a cabeleireira Sandra Moraes foi estrangulada pelo irmão Danilo Moraes com um fio de conexão de internet, na noite do último sábado, e enterrada em um terreno baldio, no Assentamento 26 de Setembro. Até o fechamento desta edição, Danilo seguia foragido. O corpo foi encontrado na tarde de segunda-feira, depois que o filho da vítima, Brendo Sousa Moraes, 21, mostrou o local aos investigadores. Ele ajudou o tio a esconder os restos mortais da mãe e está preso preventivamente por ocultação de cadáver.

A polícia soube do caso quando a filha de Sandra foi até a delegacia na manhã de segunda-feira. Ela contou que o tio mandou uma mensagem, sábado, dizendo que as visitaria. Chegando lá, por volta das 20h30, chamou a irmã para sair. Cerca de 45 minutos depois, eles deixarem a residência, Danilo voltou mais tarde e contou à sobrinha que a mãe dela havia morrido ao cair em um buraco. “Ele disse que buscariam dinheiro em uma mala escondida em um buraco. Ao tentar pegar a bolsa, ela teria caído, batendo a cabeça”, contou o delegado Yuri Fernandes, chefe da 38ª DP.

Para evitar que a jovem dissesse algo, Danilo ameaçou matá-la. Em seguida, ele teria molestado a moça e a mantido em cárcere privado na casa onde o acusado mora com a mulher, grávida de 8 meses, e os filhos, no Assentamento 26 de Setembro. Dois dias após o crime, a filha da vítima conseguiu fugir e fazer a denúncia. Os policiais, então, seguiram para a casa de Danilo, que, ao ver a aproximação dos agentes, correu para uma área de mata. Brendo mostrou o local onde o corpo estava enterrado.

Danilo é procurado pela Justiça do Maranhão. Ele cumpria pena no presídio de Pedrinhas pelo estupro e assassinato de uma mulher, mas escapou da cadeia. A família dele veio ao DF a convite de Sandra. O motivo do crime ainda é investigado. Entre as hipóteses está a venda e compra de lotes no assentamento em um esquema de grilagem feito por Danilo. A polícia apura se Sandra estava envolvida. “Sandra pode ter tentado interferir de alguma forma nessa atividade, mas a motivação pode ter sido outra também”, disse Yuri.

 

Vingança

 O delegado Maurício Iacozzilli, chefe da 23ª Delegacia de Polícia (P Sul), confirmou que o inquérito sobre a morte de Gláucia Sotero da Silva, 45, também será concluído como feminicídio. Bruno Rodrigues Vidal, 30, ex-companheiro da vítima, é acusado de matá-la ao não aceitar o fim do relacionamento. O crime ocorreu na casa dela, no Sol Nascente, em 15 de novembro. “O filho dela, de 9 anos, viu tudo e confirmou o enforcamento. Além disso, havia a suspeita da vingança”, explicou o delegado.

Gláucia e Bruno estavam separados desde 2017, quando ele foi preso por tentativa de homicídio contra outra pessoa. À época do assassinato de Gláucia, a vítima namorava. Para se vingar, o então companheiro dela, até o momento identificado apenas como Edilson Hugo “Pezão”; o filho dela, Marcelo Sotero Rocha Cardoso, 20 anos, e um sobrinho, Lauro Vítor Sotero, 19 anos, executaram Bruno, que estava em liberdade.

No dia seguinte à morte da mãe, Marcelo atirou contra Bruno, segundo a investigação. Desde então, ele e Edilson não foram mais encontrados. A Polícia Militar localizou Lauro com um revólver calibre 38. Ele passou por audiência de custódia e está detido preventivamente.

 

Onde procurar ajuda 

Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência

Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Telefone: 180 (Disque-denúncia)

 

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)

Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h  102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia e Planaltina

 

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)

Entrequadra 204/205 Sul Telefone: 3207-6172

 

Ministério dos Direitos Humanos

Disque 100

 

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar

Telefones: 3910-1349 e 3910-1350