Correio Braziliense, n.20579, 26/09/2019. Brasil. p.8

Falta de escala encarece serviço


No painel Prevenção e longevidade. Quanto mais cuidar da saúde desde cedo, todos ganham. Consumidores e operadoras, o diretor adjunto de Normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Nunes, lembrou que o setor de saúde suplementar precisa de escala para que haja equilíbrio para os próprios beneficiários. “Não é possível falar em sustentabilidade do setor sem falar em mutualismo para redução dos custos, já que uma pessoa, sozinha, não teria condições de bancar os custos dos serviços”, disse.

Para o superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin, o brasileiro tem duas opções para ter acesso a planos de saúde complementar na velhice: mudar os hábitos de vida, de forma a enfrentar com mais vitalidade o futuro, ou fazer, desde cedo, uma poupança para arcar com os altos custos das mensalidades das operadoras, que sobem drasticamente a partir dos 59 anos. “A participação dos jovens vem caindo, a quantidade de idosos vem aumentando e a despesa per capita em saúde sobe mais de 1 ponto percentual por ano. A conta não fecha. Temos que nos preparar ao longo da vida”, afirma.

Na opinião de Edgar Nunes, coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da Universidade de Minas Gerais (UFMG), a divisão de tratamento ao idoso de acordo com faixa etária não é adequada aos indivíduos e prejudica o sistema de saúde. O professor esclarece que essa definição é motivo de gastos desnecessários tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na iniciativa privada.

Hospitalização excessiva e de alto custo, ausência de foco no valor em saúde e a falta de gestão em saúde populacional são alguns dos fatores que, segundo o  médico e CEO da Livon Saúde, Rodrigo Tanus,  ajudam no crescimento insustentável do custo da saúde no Brasil. “Os prestadores têm uma mentalidade que eles faturam mais quando geram mais procedimentos”, explicou. (CD, VB, MEC e Catarina Loiola, estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira)