Correio Braziliense, n. 20643, 29/11/2019. Negócios, p. 11

Petrobras ajusta investimento

Simone Kafruni


A Petrobras divulgou ontem o primeiro plano de negócios durante o governo Jair Bolsonaro. A programação para o período 2020-2024 prevê uma carteira de investimentos de US$ 75,7 bilhões, valor 10% menor do que o projetado para o período 2019-2023, em vigor atualmente, de US$ 84,1 bilhões.

A maior parte (85%) será alocada em exploração e produção (E&P) de petróleo, sobretudo, no pré-sal. “Essa alocação está aderente ao nosso posicionamento estratégico, com foco nos ativos de E&P, nos quais a Petrobras tem vantagem competitiva e que geram mais retorno para os investimentos”, afirmou a estatal, em nota.

Os desinvestimentos previstos no plano variam entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões para o período, com maior concentração nos anos de 2020 e 2021. Em comunicado ao mercado, a petroleira destacou que o plano está consistente com os cinco pilares estratégicos da companhia: maximização do retorno sobre o capital empregado; redução do custo de capital; busca incessante por custos baixos; meritocracia; respeito às pessoas, meio ambiente e segurança.

 

Dívida

A Petrobras reafirmou que continua perseguindo a redução do endividamento por meio da geração de caixa e dos desinvestimentos. “Em 2021, planejamos atingir US$ 60 bilhões de dívida bruta o que aumentará a remuneração aos acionistas em linha com a nova política de dividendos já anunciada”, informou. A partir de 2021 a dívida deverá se manter nesse patamar ao longo do quinquênio.

Os parâmetros avaliados pela companhia são de preços de petróleo mais reduzidos, no valor de US$ 50 por barril para os próximos cinco anos e de US$ 45 o barril a longo prazo. A empresa se comprometeu a aplicar “governança criteriosa” para a selecionar projetos e “reafirmou seu compromisso de se tornar uma companhia mais robusta financeiramente, com baixo endividamento e custo de capital, alinhada aos seus pares da indústria e focada em ativos de óleo e gás de classe mundial”.

 

Carbono

Pela primeira vez, a Petrobras incluiu em um plano estratégico quinquenal uma meta de descarbonização. A companhia estipulou 10 compromissos com a agenda de baixo carbono, entre os quais registrar crescimento zero das emissões absolutas operacionais até 2025 em relação a 2015. “Até o momento, já avançamos com uma série de ações de descarbonização em nossos processos, que envolvem redução da queima de gás natural, reinjeção de CO2 e ganhos de eficiência energética.”

A estatal também se comprometeu a reduzir em 30% a captação de água doce, com foco no aumento do reúso até 2015, e a ter 100% de suas instalações com plano de ação em biodiversidade, mantendo os investimentos em projetos socioambientais. Os compromissos têm como base de comparação o ano de 2018.