Correio Braziliense, n.20579, 26/09/2019. Política. p.4

Apoio a ação contra Bezerra


Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República interino, Alcides Martins, defendeu a operação de busca e apreensão da Polícia Federal que vasculhou gabinetes do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). A posição é oposta à expressada pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge, que havia apontado “pouca utilidade prática” na medida. Autorizada pelo relator do caso no STF, ministro Luís Roberto Barroso, a operação abriu uma nova crise entre o Congresso e o Supremo.

Martins também afirmou que as informações colhidas na investigação permitem concluir “além de qualquer dúvida razoável” que o senador e o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE) “receberam vantagens indevidas obtidas com as obras Canal do Sertão e a Transposição do Rio São Francisco”.

“Apesar da manifestação contrária da então procuradora-geral, entendo que se faziam presentes os requisitos para o deferimento de todas as medidas requeridas pela autoridade policial”, escreveu Martins. Ele acrescentou que as medidas requeridas pela PF se mostraram “imprescindíveis para a investigação em curso”.

A PGR enviou uma nova manifestação depois que foi notificada por Barroso do resultado das diligências realizadas pela PF e do pedido de Bezerra Coelho para derrubar a operação e suspender a análise do material apreendido.

Martins afirmou ao STF que as provas colhidas durante a investigação até junho de 2019 constituem “lastro razoável” de que Bezerra Coelho solicitou, por meio do seu operador, Iran Padilha Modesto, e ao que tudo indica, recebeu para si e para seu filho Fernando Bezerra Coelho Filho vantagem indevida em razão da função pública de ministro da Integração) e senador. O parlamentar é investigado por recebimento de propina de R$ 5,5 milhões.