Correio Braziliense, n. 20586, 03/10/2019. Política, p. 02

Gilmar acusa Moro de ajudar a acusação



O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) fez duras críticas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, na tarde de ontem. Durante a sessão que decidiu que réus delatados devem apresentar as chamadas alegações finais após os delatores, o magistrado disse que Moro, quando era juiz titular da 13ª Vara Federal em Curitiba, agiu como “coaching da acusação”. Ele também fez críticas ao procurador Deltan Dalagnol e a outros integrantes da força-tarefa da Lava-Jato.

Gilmar Mendes citou as mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, nas quais Moro troca informações com Dallagnol e outros procuradores. “Hoje se sabe, de maneira muito clara, e o Intercept está aí para provar, que se usava prisão provisória como elemento de tortura. Custa-me dizer isto no plenário. E quem defende tortura não pode ter assento nesta Corte constitucional. O uso da prisão provisória era com essa finalidade. E isto aparece hoje. Feito por gente como Dallagnol. Feito por gente como Moro. É preciso que se saiba disso. O Brasil viveu uma fase de trevas. O resumo é: ninguém pode combater crime cometendo crime”, disse.

Para Gilmar, o atual ministro Sérgio Moro atuava como chefe da equipe do Ministério Público, fazendo papel de acusação, não de juiz. “Não parece haver dúvidas de que o juiz Moro era o verdadeiro chefe da força-tarefa de Curitiba, indicando testemunhas e sugerindo provas documentais. Quem acha que isso é normal, certamente, não está lendo a Constituição”, completou. Procurado pela reportagem, por meio de sua assessoria no Ministério da Justiça, Moro não comentou as declarações do ministro do Supremo. (RS)