Correio Braziliense, n. 20596, 13/10/2019. Política, p. 2

Situação de penúria



Os resultados das negociações da cessão onerosa repercutiram positivamente também junto à Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Pelas palavras do presidente da entidade, Glademir Aroldi, a partilha dos recursos do megaleilão do pré-sal, além de socorrer prefeituras em situação de penúria, pode render dividendos eleitorais para candidatos aliados do presidente Jair Bolsonaro no pleito do próximo ano.

“Credito ao governo do presidente Jair Bolsonaro esse importante apoio financeiro aos estados e municípios. O presidente honrou o compromisso assumido em abril deste ano, durante a marcha dos prefeitos a Brasília, quando ele anunciou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, traria uma boa notícia para os municípios”, disse o presidente da CNM.

O professor Paulo Calmon, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), disse que a distribuição da verba arrecadada com o megaleilão de novembro trará algum impacto nas eleições municipais, porém, não tão significativo no curto prazo.

“Por duas razões: há um intervalo de tempo até os recursos estarem efetivamente disponíveis, e um outro, ainda maior, para os prefeitos realizarem despesas que produzam retorno eleitoral. Eu acredito que esse intervalo ultrapassará o período eleitoral”, disse.

“Por outro lado, o impacto positivo da notícia de que mais recursos serão disponibilizados para os municípios no futuro não muito distante pode ser amortizado por uma sensação de frustração e perda de oportunidade, já que a parcela que será disponibilizada é menor do que se esperava inicialmente, enquanto os critérios para alocação desses recursos são bastante restritivos, e a distribuição entre os entes federativos tende a agravar as desigualdades regionais em termos de distribuição de renda”, concluiu Paulo Calmon. (JV)