Correio Braziliense, n.20741, 06/03/2020. Brasil. p.5

38 países apresentam contaminação local 



Pelo menos 86 países e territórios já confirmaram ao menos um caso de coronavírus. Contando o Brasil, 38 já registram transmissão local, segundo boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado na noite de ontem. As demais nações com casos da doença, mas sem transmissão local, registraram apenas infecções importadas ou têm casos cuja origem ainda está em investigação. É considerada transmissão local quando a infecção ocorre no mesmo local de notificação, como foi o caso das duas brasileiras que foram contaminadas em território nacional, após contato com outro caso confirmado da doença.

A declaração de transmissão local acende um alerta porque indica que o vírus já circulou entre cidadãos daquele país. Nessa condição, no entanto, ainda é possível saber a origem da contaminação dos doentes. O cenário mais preocupante é o de transmissão comunitária, na qual o número de casos é tão alto que torna-se impossível estabelecer as cadeias de transmissão de cada indivíduo.

De acordo com a OMS, já são 95.333 casos confirmados e 3.282 óbitos pela doença no mundo, a maioria na China. Apesar do alto número de países com ao menos um caso confirmado, o surto se concentra principalmente em quatro nações: China, Coreia do Sul, Itália e Irã. Juntos, eles reúnem quase 97% de todos os registros mundiais.

A taxa de letalidade da doença está em cerca de 3,4% e os países mais afetados têm índice semelhante, com uma exceção: a Coreia do Sul. No país asiático, que tem o segundo maior número de casos no mundo, a mortalidade registrada até agora é de apenas 0,6%.

RJ e ES

O primeiro caso de coronavírus no Rio foi anunciado ontem pelo governo do Estado. Trata-se de uma mulher brasileira, de 27 anos, que mora em Barra Mansa e esteve na Europa, passando por Itália e Alemanha, entre 9 e 23 de fevereiro. Ela apresentou sintomas no dia 17 (tosse, coriza e falta de ar) e buscou atendimento médico no Brasil na segunda-feira, segundo o Ministério da Saúde. No Estado do Rio, há 79 suspeitas sendo monitoradas. A confirmação desse caso foi feita pelo secretário estadual de Saúde fluminense, Edmar Santos.

De acordo com Santos, a paciente viajou com o marido e passou pela Itália (Milão e Lombardia) e pela Alemanha. O marido não apresenta sintomas, mas é monitorado. Os primeiros sintomas dela foram tosse e coriza, que surgiram no dia 17, quando o casal ainda estava na Europa. Mas esse quadro não se apresentou durante o voo.

Ela procurou uma unidade de saúde em Barra Mansa, no sábado, e passou a cumprir isolamento domiciliar de 20 dias. No domingo, coletou material para exames realizados pelo Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-RJ), que emitiu laudo no dia 3. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também recebeu amostra e confirmou o diagnóstico. O marido e outros parentes dessa paciente estão sendo monitorados, mas não estão em isolamento. Pessoas que ocuparam poltronas vizinhas no avião em que ela voltou ao Brasil estão sendo localizadas e também serão monitoradas, a exemplo do que ocorreu com outros viajantes que testaram positivo. “Trata-se de um caso importado. Não há indício de que o vírus esteja circulando pelo Estado do Rio”, afirmou o secretário de Saúde. “Não há motivo para pânico na população fluminense”, afirmou.

Já o caso diagnosticado no Espírito Santo é de uma mulher de 37 anos que esteve na Itália. A Secretaria Estadual de Saúde informou que ela procurou atendimento em um hospital, no dia 24 do mês passado. O município onde a paciente mora e onde buscou ajuda não foram anunciados. “Os dados não serão divulgados por uma questão de privacidade”, disse o subsecretário Luiz Carlos Reblin.