Correio Braziliense, n. 20601, 18/10/2019. Política, p. 4

"Vazamento é desonesto"

Augusto Fernandes 
Ingrid Soares 


O presidente Jair Bolsonaro qualificou como “desonestidade” o vazamento de um áudio, ontem, em que articula com um interlocutor sobre a lista de assinaturas para tirar o deputado Delegado Waldir (GO) do cargo de líder do PSL na Câmara. Ligado ao presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), Delegado Waldir vinha criticando o presidente.

“Eu falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram uma de jornalista? Eu converso com deputados. Eu não trato publicamente desse assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou o telefone... Primeiro, é uma desonestidade”, criticou e disse que não comenta a crise do PSL publicamente.

A revelação dos comentários não agradou a nenhuma das partes no racha do partido. Após comentar, durante a semana, que nunca tomou nenhuma atitude para “tumultuar a relação com o partido” e que ficaria “calado sobre esse assunto”, e “não tomaria partido”, Bolsonaro admitiu que faz contatos com parlamentares.

Em áudios vazados pelas revistas Época e Cruzoé, o presidente afirma que a única alternativa seria  o afastamento de Waldir. “Ou a gente reage agora, numa boa, porque é uma medida legal. Precisa de lista pra... Eu nunca fui favorável a lista não, pra deixar bem claro. Sou favorável à eleição direta. Mas, no momento, você não tem outra alternativa, só tem a lista”, disse o presidente ao parlamentar, que ainda não foi identificado. A gravação parece editada, pois não revela a voz do interlocutor.

Os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro, que disputou a função de líder do partido pelas listas na quarta-feira, foram destituídos dos comandos dos diretórios do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. Segundo disse o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), à Agência Estado, ambos foram desligados nessa semana. O presidente do partido, Luciano Bivar, no entanto, disse que ainda não assinou as destituições. “Está tudo em processo lá no partido, mas não assinei nada”, afirmou.