Correio Braziliense, n. 21348, 27/08/2021. Política, p. 2

Bolsonaro: as manifestações serão pacíficas
27/08/2021



O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que as manifestações marcadas para 7 de setembro em apoio ao governo e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) serão pacíficas e que eventuais atos violentos só poderão ser cometidos por "gente infiltrada". O chefe do governo afirmou, também, que, até hoje, ninguém teve coragem de fazer baderna em protestos organizados por seus apoiadores, em razão da presença de muitos policiais militares e de membros das Forças Armadas à paisana.

"Os movimentos, e o pessoal simpático a nós, e eu sou simpático a esses movimentos também, não têm violência; está sendo marcado um grande evento no dia 7 de Setembro, em que o pessoal vai pedir o quê? Liberdade, cumprimento de dispositivos constitucionais, vão pedir o óbvio. Infelizmente, alguns desses direitos têm sido feridos ultimamente, e pode ter certeza: não tem nada de violento. Se tiver, pode ter certeza, que é gente infiltrada", frisou, na sua live semanal. "Mas, até hoje, não tiveram coragem de se infiltrar ainda, até porque tem muito agente de segurança, muito policial civil, militar, das Forças Armadas, que não vão deixar esse pessoal fazer baderna e querer nos culpar. De jeito nenhum."

Bolsonaro afirmou que participará das manifestações em Brasília e na Avenida Paulista, em São Paulo. "Então, todos no Brasil, fiquem tranquilos. Esses movimentos, como sempre, não têm nada de violência; ninguém vai instigar, invadir alguma coisa, depredar, queimar, como a esquerda sempre fez", ressaltou. "A gente vê os movimentos estudantis tocando fogo por aí, agredindo policiais, isso não existe nesses movimentos. E eu devo estar presente, de manhã, aqui em Brasília, às 10 horas, e às 15h30 na Paulista, em São Paulo."

Armas

Mais cedo, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro festejou o fato de a população ter mais acesso ao porte e à posse de arma. Ele ironizou reportagens apontando que o número de aquisição dos equipamentos tem dobrado ano após ano e rebateu dizendo esperar que "quintuplique".

"Hoje em dia, o homem do campo está mais tranquilo. Tiramos dinheiro de ONG, conseguimos, via decreto, dar o fuzil 762 para vocês, quem é CAC (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores). Conseguimos a posse ampliada. O elemento podia comprar a arma e usar dentro da casa na fazenda. Hoje, ele pode montar o cavalo ou pegar o jipe dele e andar na fazenda todo armado", comemorou.

Segundo Bolsonaro, "quanto mais armado estiver o povo, melhor é para todo mundo". "A imprensa, de novo, fazendo matéria esta semana, de que tem dobrado, ano a ano, o número de armas no Brasil. Eu quero que quintuplique", disparou. "Quanto mais armado estiver o povo, melhor é para todo mundo, porque, enquanto a bandidagem estava armada com fuzil automático lá no Rio de Janeiro, a imprensa não falava nada, estava legal, estava bacana. Agora, quando o cidadão de bem está comprando arma, o pessoal critica."

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública relativo a 2020 mostra que o Brasil vive verdadeira corrida armamentista. Com dados da Polícia Federal, em 2017, o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) contava 637.972 registros ativos de armas. Ao fim de 2020, o número subiu para 1.279.491, ou seja, aumento de mais de 100%.

Em fevereiro, Bolsonaro alterou quatro decretos federais, com o objetivo de desburocratizar e ampliar o acesso a armas de fogo e munições no país. Em maio, durante uma manifestação, ele afirmou, sob aplausos, que está, "cada vez mais", legalizando as armas no Brasil