Correio Braziliense, n. 20607, 24/10/2019. Política, p. 5

CPI convoca assessores no Planalto

Jorge Vasconcellos 


A CPI Mista das Fake News, no Congresso, aprovou ontem a convocação de dois assessores do presidente Jair Bolsonaro para prestarem depoimentos. São eles Fábio Wajngarten, secretário especial de Comunicação Social da Presidência, e Filipe Martins, assessor especial para Assuntos Internacionais. A comissão também aprovou convites para que os deputados Delegado Waldir (PSL-GO) e Joice Hasselmann (PSL-SP) sejam ouvidos. A decisão ocorreu após Joice, ex-líder do governo no Congresso, afirmar, na segunda-feira, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que filhos e assessores do presidente da República comandam, desde a campanha eleitoral, uma “milícia virtual” de perfis falsos nas redes sociais para disseminar acusações e notícias falsas.

Outros nomes ligados ao governo foram convocados, entre eles o empresário Paulo Marinho, primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ); o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan e aliado do presidente Bolsonaro; o cineasta Josias Teófilo, diretor de um documentário sobre o filósofo Olavo de Carvalho; e o influenciador digital Bernardo Pires Kuster. Como se trata de convocação, eles são obrigados a comparecer à CPI.

Após o aprofundamento do racha no PSL, Delegado Waldir, que perdeu a liderança do PSL na Câmara para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ameaçou “implodir” o presidente da República com a divulgação de informações comprometedoras. Joice, por sua vez, anunciou que denunciaria ao Ministério Público os ataques que tem recebido de Eduardo e do irmão Carlos Bolsonaro, vereador pelo PSC no Rio de Janeiro, nas redes sociais. Como foram convidados pela CPI, Waldir e Joice não são obrigados a comparecer.

Eduardo e o irmão e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) acompanharam a sessão da CPI ontem. É a primeira participação do deputado na comissão, que tem sido chamada de “terceiro turno das eleições” e “tribunal de exceção” por aliados do presidente da República.

Durante a sessão, Eduardo falou sobre a possibilidade de seu irmão Carlos também ser chamado para prestar depoimentos na comissão. “Querem usar a convocação do Carlos como moeda de troca. Mas, convocá-lo ou não, é indiferente pra mim. Se ele vier, vai falar muitas verdades. O que se tenta aqui é minar a ascensão da direita”, afirmou Eduardo aos jornalistas. O requerimento para ouvir Carlos foi apresentado na terça-feira pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Porém, deve ser votado só na próxima semana.

Destituição

O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), junto com outros parlamentares, protocolou ontem, na Executiva Nacional da sigla, um pedido de destituição da direção estadual da legenda em São Paulo, hoje sob comando do deputado Eduardo Bolsonaro. A cada dia, aumentam as hostilidades entre apoiadores do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e o grupo aliado a Jair Bolsonaro.