Correio Braziliense, n.20576, 23/09/2019. Política. p.2

Um estudo sobre pobreza


Nova York—Nem só do discurso do presidente Jair Bolsonaro e do périplo de seus ministros é feita a presença do Brasil na 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Além dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que já estão na cidade, uma gama de cientistas e prefeitos também participa de eventos por esses dias. O prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior, vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, por exemplo, leva na bagagem o estudo Indicadores de desigualdade no Brasil, com notícias nada boas, como o aumento da população em situação de risco, ou seja, renda mensal per capita de até meio salário-mínimo.

O estudo que o prefeito levará hoje à ONU inclui dados do IBGE em que, entre 2015 e 2017, a população em situação de pobreza saltou e 55, 4 milhões para 63,5 milhões. Aquela em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda per capita de um quarto do salário-mínimo pulou de 18,9 milhões para 26,8 milhões. O relatório foi preparado no âmbito da Estratégia ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), uma agenda mundial adotada pela ONU, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. “A má distribuição de renda gera as desigualdades sociais, estruturadas especialmente em gênero, raça e escolaridade”, identifica Auricchio. “No Brasil, a solução passa por duas frentes: a reforma fiscal e a revisão do Pacto Federativo.

Não há como planejar grandes mudanças sem alterações profundas nestes dois pontos”, defende. O estudo não contém dados do atual governo, que ainda está no início, mas dá uma demonstração de quanto a crise econômica que o país vive desde 2015, primeiro ano do segundo governo de Dilma Rousseff, provocou estragos, especialmente, para a população de baixa renda.

O tema de redução das desigualdades sociais e da crise econômica também deve ser mencionado no discurso do presidente Bolsonaro, que incluiu na sua comitiva a indígena Ysani Kalapalo, que apoiou o presidente na campanha. (DR)