Correio Braziliense, n. 20609, 26/10/2019. Economia, p. 8

BB: privatização inevitável



CONJUNTURA » Presidente do Banco do Brasil diz que, com avanços tecnológicos, a instituição pública não terá velocidade para se adaptar e que desestatização será o caminho. Estratégia atual é se desfazer de participações que não tenham sinergia com atividade-fim

A revolução tecnológica no setor bancário, puxada por “fintechs” e pelo “open banking” — ferramenta que permite o compartilhamento de informações de clientes entre os agentes do setor —, tornará a privatização do Banco do Brasil (BB) inevitável no futuro, disse ontem o presidente da instituição financeira, Rubem Novaes.

“Do jeito que a modernização do sistema bancário se acelera, neste mundo de inovações constantes, é óbvio que uma instituição pública não vai ter a mesma velocidade de adaptação”, afirmou Novaes, após palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). “Por enquanto, o banco ainda é extremamente eficiente e vai permanecer eficiente por algum tempo, mas, em algum momento, a perspectiva da privatização vai ter que ser enfrentada”, completou.

O presidente do BB ressaltou que expressava sua “opinião pessoal”, mas que tinha a expectativa de que esse posicionamento passasse a ser defendido pelo governo e pela “classe política” como um todo. O presidente do BB evitou responder se achava possível avançar na privatização ainda no mandato do presidente Jair Bolsonaro.

Durante a palestra, ele disse que as instituições financeiras terão que se adaptar ao mundo “de open banking e fintechs” em “dois, três, quatro anos”. De concreto, o presidente do BB reforçou que a estratégia de sua administração é privatizar todas as subsidiárias ou empresas nas quais o BB tenha participação que não tenham “sinergia” com sua atividade principal.

Parceria

Segundo Novaes, o BB busca um parceiro para reduzir sua participação em “asset management”, na qual atua a BBDTVM, assim como fez com seu banco de investimentos. Em setembro, BB e UBS assinaram um memorando de entendimento e estão debruçados para concluir as conversas em torno da parceria na área de investimentos ainda este ano.

Após a palestra, o presidente do BB disse que o modelo da parceria não seria igual, pois “setores diferentes requerem parcerias diferentes”. Questionado, o presidente do BB evitou citar nomes de possíveis parceiros, mas disse que será estrangeiro.