Correio Brazilense, n. 20680, 05/01/2020. Economia. p. 6/7

 

 

 

 

 

 

A real do Brasil

País terá desempenho melhor neste ano, mas sinais da mais severa recessão da história, que tirou quase 7% do PIB entre 2015 e 2016, ainda se farão presentes na economia, sobretudo na renda e no emprego. Crise internacional, com possível guerra entre Irã e EUA, é grande ameaça

Rosana Hessel

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 vai crescer "o dobro de 2019", mas isso ainda não é motivo para comemoração, na avaliação de especialistas. A base de comparação é baixa e a taxa projetada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), de 2,3%, está contaminada pelo carregamento estatístico da melhora da atividade nos últimos seis meses do ano passado. Mais: o desempenho da economia brasileira ficará abaixo da média global e dos países emergentes, de 3,4% e de 4,5%, respectivamente, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Apesar de reconhecerem que o PIB deste ano será melhor que o do ano passado, especialistas não descartam a possibilidade de frustração. Não por acaso, sempre reforçam a cautela nas estimativas, sobretudo por causa dos erros dos últimos anos. A verdade, reforçam os analistas, é que o país ainda sentirá, por um bom tempo, os efeitos da mais severa recessão da história, que tirou quase 7% do PIB entre 2015 e 2016. Esses sinais estarão presentes, sobretudo, na renda e no emprego, conforme série que o Correio começa a publicar a partir de hoje.

As ressalvas não impedem os especialistas de admitirem: a área econômica foi o ponto forte do primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, que apresentou retrocessos na agenda de costumes e de meio ambiente. Para eles, a retomada mais firme da atividade no segundo semestre de 2019 foi puxada pela liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e pela continuidade da queda da taxa dos juros básicos (Selic), que está no menor patamar da história, de 4,5% anuais. Esse nível de juros, por sinal, leva as autoridades a reforçarem as apostas de que 2020 será marcado pela retomada do investimento privado. É esse o caminho para o crescimento mais duradouro.

 

Investimentos
Pelas projeções do Banco Central, o PIB crescerá 2,2% em 2020, com investimento e consumo como motores da atividade econômica. Nesse contexto, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deve avançar 4,1%, evitando que, mais à frente, faltem produtos para atender à demanda. Para que esse quadro se confirme, porém, será preciso elevar a confiança dos empresários. Só assim eles se sentirão confortáveis para tirar das gavetas projetos de expansão dos negócios. Não há espaço, portanto, para estripulias por parte do governo, que terá de mostrar forte empenho para o andamento das reformas.

Os riscos de frustração em 2020 estão, especialmente, no mercado externo, agora mais turbulento diante da possibilidade de uma guerra entre os Estados Unidos e Irã e de uma reversão no prometido acordo comercial entre China e os norte-americanos. Além disso, o Brasil depende muito da recuperação da Argentina, principal destino dos produtos industrializados nacionais. No mercado doméstico, as eleições municipais podem trazer certa tensão por indicarem as possíveis alianças para a disputa presidencial de 2022. O presidente da República não esconde que fará de tudo para se manter no poder.

O primeiro ano de mandato de Bolsonaro teve como trunfo a aprovação da reforma da Previdência, a despeito do atraso e da desidratação na proposta inicial, cuja economia passou de R$ 1,2 trilhão para R$ 800 bilhões. Mas é preciso dar continuidade à agenda de reformas estruturais para o país continuar crescendo e o investimento privado decolar. Neste ano, o prazo disponível para avanço nessa agenda é curto, de seis meses e, até agora, Paulo Guedes não encaminhou ao Congresso as propostas consideradas mais urgentes: as das reformas administrativa e tributária. Priorizou as medidas que reestruturam o Estado. O lado positivo é que o Legislativo está empenhado em levar as discussões adiante, mesmo que o governo vacile.

 

Famílias
Com as reformas andando, é possível esperar um saldo mais positivo para a economia: crescimento de até 3% em 2020. Esse nível de expansão deve, por enquanto, se manter na próxima década, que começa em 2021. Tudo vai depender do que o governo fizer e o Congresso aprovar. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que, durante 2019, o Palácio do Planalto desperdiçou muito tempo com questões menos importantes. Essa pauta difusa, portanto, não pode se repetir neste ano. "Bolsonaro é mais disperso na agenda econômica, e isso atrasa o processo de retomada da economia", lamenta.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, também demonstra cautela em relação ao andamento das reformas neste ano, principalmente, a administrativa. "Ainda não dá para ser totalmente otimista. No fundo, apesar de necessária, a reforma administrativa pode demorar", explica. Pelas contas dela, a recuperação da renda per capita aos patamares acima de US$ 13 mil, como se viu entre 2010 e 2011, só deve ocorrer em 2027. "Ainda levaremos tempo para recuperar o patamar pré-crise, infelizmente. O estrago foi grande", frisa. Nas projeções da Tendências, o consumo das famílias, por conta dessa renda per capita baixa, deve crescer em ritmo lento até o fim da próxima década, não passando de 3% anual.

Na avaliação da economista Juliana Inhasz, professora do Insper, o governo Bolsonaro tem pouco capital político para avançar nas reformas mais necessárias. "Por isso, não descarto frustração novamente com o PIB. O ano de 2020 promete muito, em tese, mas pode ser só de promessas. Além da dificuldade na agenda política e econômica, teremos um cenário externo bem turbulento, com eleições nos EUA", destaca. Para ela, apesar de o mercado ter ignorado os ruídos políticos provocados pelo governo — a Bolsa de Valores de São Paulo subiu quase 32% —, daqui para frente, a tendência é que fique mais atento. "O país poderia ter crescido mais se os ruídos não tivessem atrapalhado tanto".

 

Liderança
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reconhece que houve algumas frustrações em 2019, mas aposta nos efeitos defasados da redução dos juros para garantir uma surpresa neste ano. Ele prevê crescimento do PIB entre 2,5% e 3%. "Todo primeiro ano de governo é de ajustes. E ajustes duros foram feitos neste governo. Quando você olha 2019 como um todo, foi um ano bom, com reformas importantes", afirma. Sachsida acredita que o setor privado vai liderar o processo de recuperação da economia, enquanto o governo "continuará com a agenda de consolidação fiscal e de produtividade".

O economista e sócio da 4E Consultoria Juan Jensen demonstra otimismo em relação à volta do crescimento com a ajuda do investimento privado, uma vez que o Estado perdeu essa capacidade há anos. "O investimento público previsto no Orçamento deste ano é o menor em 50 anos", destaca ele, que prevê expansão de 2,8% do PIB neste ano. Segundo Jensen, o clima de incertezas na América Latina também pode afetar essa retomada. Mais cética, Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, estima avanço de 2,3%. "Esse crescimento é muito pouco diante do tombo que o país levou e do drama social que vivemos, mas é um incremento importante", avalia.

Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, prevê expansão de 2,5% neste ano e alerta para alguns fatores que podem limitar o crescimento. "O ajuste fiscal ainda está em curso e precisa ser cumprido, e isso limita o investimento público e coloca um viés de baixa no PIB. O mundo também não tem uma perspectiva de crescimento brilhante", pontua. Contudo, ela reconhece que a recuperação em 2020 será num ritmo maior por conta dos juros mais baixos. "Existe uma recuperação acontecendo por causa da redução da taxa Selic, que começa a ter reflexo no crédito", diz.

 

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Entrevista - Sergio Vale.

“Governo não pode mais perder tempo”

Rosana Hessel

  

O governo perdeu tempo com pautas menos importantes em 2019, e, neste ano, precisará definir melhor as prioridades em um ano eleitoral, na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, que espera crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% neste ano. Apesar de defender a reforma tributária como a mais importante para ser tocada após a da Previdência, o especialista considera que o governo Jair Bolsonaro não conseguirá entregá-la até o fim do mandato. “Uma reforma tributária com vários lobbies fazendo suas demandas pode atrapalhar o processo. É preciso um governo mais forte politicamente para conseguir aprová-la”, destaca.

O economista critica a insistência da equipe econômica em ressuscitar um tributo nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) com outra roupagem. “Imposto digital é CPMF da mesma forma. Não tem diferença”, alerta. Para ele, o tributo é “ruim”, pois onera o setor produtivo em cascata. De acordo com o especialista, o governo precisa ficar atento aos danos causados na imagem na do meio ambiente, porque existe um aumento da consciência ambiental entre os consumidores jovens, inclusive, na China, maior parceiro comercial do país. Para ele, o governo Bolsonaro é disperso na agenda econômica e isso atrasa o processo de retomada da atividade. “A reforma da Previdência foi aprovada, mas não é mérito dele”, resume. A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Correio no escritório dele em São Paulo.

 

Pode avaliar o cenário da economia para 2020 em meio à crise entre Estados Unidos e Irã?

Quando Bolsonaro foi eleito, parecia que iria resolver tudo da noite para o dia, mas, no primeiro semestre, vimos um governo com dificuldades políticas. Na verdade, houve uma adequação a uma realidade mais razoável. O crescimento hoje é dependente de reformas que estão sendo feitas desde Michel Temer. Bolsonaro, ao dar continuidade, trouxe estabilidade. Com algumas reformas microeconômicas, o conjunto vai levar a um crescimento mais forte, salvo choques. O maior risco é o cenário internacional. Pretendemos elevar nossa projeção de crescimento do PIB, de 1,6% para 2%, em 2020, mas o Irã será um desses riscos. Uma guerra com os EUA pode levar a uma disparada no preço do petróleo.

 

Houve frustração nas projeções do mercado. O que aconteceu?

Nossa estimativa era 2,2% de crescimento para 2019. O mercado começou com previsão de crescimento médio que ia de 2% a 3%. No geral, a expectativa era positiva com as reformas, mas o governo Temer parou depois das delações. Tivemos a mais relevante reforma, a da Previdência, que destravou a expectativa. Trouxe um ambiente fiscal mais crível para os próximos anos, ajudando a cair a expectativa de inflação e, consequentemente, a de juros. Existem medidas para destravar o investimento nos próximos anos, como o marco regulatório do saneamento. Quando olhamos esse conjunto, 2020 tende a ser um ano melhor.

 

O que vai puxar o PIB?

Investimento e consumo. Para 2020, a queda de juros vai ser essencial para o financiamento imobiliário. A construção está retomando de forma mais intensa agora, com aumento na venda de cimento, por exemplo, que é um indicador antecedente.

 

As manifestações na América Latina podem comprometer a retomada?

O Brasil está no caminho de crescimento, de melhora do emprego, e é único país latino-americano a fazer reformas. Por isso, há chances de recuperação do crescimento. Além disso, o país já teve as grandes manifestações em junho de 2013. A população foi para a rua. Já tivemos nossa crise por conta delas. Os outros países ainda vão passar por esse processo.

 

A popularidade do presidente vem caindo, mas há otimismo no mercado. A percepção é de que a economia está andando, apesar do Bolsonaro?

A economia está andando porque as reformas têm sido feitas desde 2016. O governo errou ao não encaminhar a reforma tributária no segundo semestre de 2019. Quando aparece com (a nova) CPMF, o governo perde tempo. E depois volta com esse assunto no fim do ano, como um imposto digital, que é CPMF. Me parece que o governo, de fato, tem dificuldades em pensar o que deveria ser uma boa reforma tributária para o Brasil. Vai acabar, infelizmente, perdendo a oportunidade.

 

Existem duas propostas de reforma tributária no Congresso…

A proposta do Bernard Appy que está na Câmara, a PEC 45, me parece a mais perfeita, a mais completa, para lidar com o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que é uma questão específica da reforma tributária. Talvez, nessa parte, poderia resolver grandes problemas de crescimento do país. Mas não vai avançar muito, e talvez vamos ter apenas uma reforma de PIS-COFINS sendo agregados e, talvez, lá na frente, juntar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). E não se sai muito disso de juntar os impostos federais.

 

Então, não vamos ter uma reforma tributária de verdade?

Vai ser uma minirreforma federal de tributos. O governo perdeu muito tempo com isso. E 2020 é ano eleitoral. De 2021 em diante, vamos ter uma agenda carregada de política por conta da eleição presidencial. Uma reforma tributária com vários lobbies fazendo suas demandas pode atrapalhar muito o processo. É preciso um governo forte politicamente para conseguir aprová-la. Na reforma da Previdência, havia um lobby pesado do servidor público. Mas, quando se fala em reforma tributária, todos os segmentos estão envolvidos e todos querem manter seus benefícios: serviços, hotelaria, educação, agronegócio, segmentos importantes querendo alíquotas diferenciadas. Isso atrasa o processo. Perde força.

 

O governo diz que vai acabar com os campeões nacionais, mas mantém desonerações para igrejas…

São as dificuldades de termos Bolsonaro como presidente, que é a questão das armas e da religião pesando nas decisões. O Bolsonaro foi alijado da tarefa de política econômica. Mas a economia conseguiu andar sem o presidente interferir. Paulo Guedes, Rodrigo Maia (presidente da Câmara) e Davi Alcolumbre (Presidente do Senado) fizeram as coisas andarem a despeito do presidente. Conseguimos chegar em 2019 com um arranjo à brasileira, uma espécie de parlamentarismo tripartite comandando a agenda.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, teve mais derrotas ou vitórias?

O governo, na verdade, não conseguiu avançar. Houve muitas derrotas na Câmara e no Senado. Além da reforma da Previdência, talvez a MP da Liberdade Econômica tenha sido uma vitória, mas não é um divisor de águas. O resto, como Lei de Falências, marco regulatório do saneamento, já estava sendo discutido antes. Não dá para pedir coordenação política só para o Rodrigo Maia. Não tem ninguém fazendo esse papel dentro do Planalto. Era para ser o presidente, mas ele se exime dessa tarefa.

 

O presidente usa o discurso de não fazer a “velha política”...

Não tem jeito. Qualquer governo depende dos partidos para formar a base. Faz parte da política ter esse tipo de negociação. Agora, quando o presidente fica nesse discurso emperrado, ele evita que os diálogos aconteçam. O presidente tinha o grande papel de apagar incêndio e colocar as coisas para andar. Mas não faz. Por isso, a agenda atrasa.

 

Agora, o discurso é CPMF digital para tentar cobrar qualquer operação fora do sistema bancário...

Tudo está virando digital. Mas o meio não elimina a questão de fazer um imposto perfeito ou não. Como vai ser cobrado, no digital ou não, é outra questão. O que importa é se o imposto é bom ou não. O Guedes tem um fetiche sobre a questão da desoneração da folha de pagamento. Com a regra do teto, dá para pensar em uma queda de arrecadação planejada em 10 ou 20 anos. É possível pensar em outro tipo de receita, mas não uma tão ruim como a CPMF.

 

Por que a CPMF é um imposto ruim?

Porque tem um efeito cascata, cobra em cima de várias operações em um processo produtivo único, onde existem várias operações financeiras. Isso acaba onerando a empresa no final, a depender da quantidade de processos que tem. Se pensar na compra de imóvel, por exemplo, haverá dupla tributação, pois se pagará tributo na compra e na venda. É muito ruim. Nenhum país grande adota esse tipo de imposto. A Venezuela tem, com alíquita de  2%, e é o desastre que é.

 

Quanto tempo o país ainda vai demorar para recuperar o PIB perdido?

O país vai chegar ao nível em que estava antes da crise, no início de 2014, em 2024. Tem ainda uns bons anos e não vai ser no governo Bolsonaro. Não no primeiro mandato.

 

Por que o mercado se descolou das declarações do presidente Bolsonaro e de seus filhos, com a Bolsa batendo recordes mesmo com a saída de investidores estrangeiros?

Uma parte da saída de capital do país neste ano não foi exclusividade do Brasil. Os países emergentes em geral tiveram saída de capitais. Mas, quando olhamos para 2020, há uma tendência de reversão disso. Os estrangeiros podem começar a olhar o Brasil com outros olhos. O país pode ter um aumento da nota das agências de classificação de risco no segundo semestre.

 

Qual a sua previsão para Bolsa em 2020?

Esse mercado novo que a gente tem de juro baixo vai fazer o brasileiro pensar melhor em educação financeira. Não tem sentido aplicar só no Tesouro Direto ou na poupança. Cresceu muito o interesse e a participação dos brasileiros nesse mercado. O que é natural, o que é bom, porque é um mercado subutilizado no Brasil. A Bolsa vai ter um crescimento orgânico.

 

Quanto a Bolsa ainda pode subir? Quando voltará o grau de investimento?

Pode ser que, em 2020, possa ir para 130 mil pontos. Se for um ano muito bom, com concessões avançando, crescimento entregue, o país ganha nota das agências (de classificação de risco). Não é o investment grade (grau de investimento) ainda, mas melhora a nota. O grau de investimento só deve acontecer depois de 2023.

 

As polêmicas na área ambiental podem atrapalhar?

Isso é muito ruim. No longo prazo, tem um efeito muito complicado para o agronegócio. Me parece que o governo percebeu e está tentando diminuir o tom de agressividade. É uma parte muito sensível e pode atrasar o processo do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Até a população chinesa está começando a olhar para a questão ambiental de forma importante. Imagine na Europa, onde a consciência ambiental do consumidor é muito maior. O Brasil, ao longo dos próximos anos, precisa ter um trabalho de reconstrução de imagem ou manutenção daquela imagem que tinha para evitar a perda de espaço lá fora. Estamos naquela fase em que o estrago começou a ser feito, mas ainda  pode ser revertido.

 

Como avalia as PECs enviadas pela equipe econômica?

A PEC do Pacto Federativo é internamente defendida pelos técnicos, mas não vemos empenho do ministro sobre o assunto. De todas, a mais interessante é a PEC Emergencial. É mais urgente. As outras são estruturais. Cortar municípios em um ano de eleições municipais? Discutir isso agora não faz sentido. Tanto que o governo vem colecionando derrotas, como na MP do DPVAT, na questão dos radares nas estradas, enfim. Há um governo que tenta lançar medidas intempestivas, que não são muito bem pensadas, e, às vezes, são do interesse próprio do presidente e não têm sentido econômico. E se perde tempo. Nesse sentido, o governo Temer era mais focado na agenda econômica. Bolsonaro é disperso na agenda econômica, e isso atrasa o processo de retomada. O país poderia estar crescendo em um ritmo maior. Não conseguiu. Mas muitos podem falar: ele aprovou a reforma da Previdência e o Temer, não. É verdade. Mas a reforma da Previdência seria aprovada em qualquer governo.

 

Mesmo se Fernando Haddad tivesse sido eleito?

O país também teria uma reforma da Previdência. Não seria essa, mas uma outra qualquer. A reforma da Previdência ia acontecer, porque estava no jogo.

 

Frases

"Parece-me que o governo, de fato, tem dificuldades em pensar o que deveria ser uma boa reforma tributária para o Brasil. Vai acabar, infelizmente, perdendo a oportunidade”

 

"Na reforma da Previdência, havia um lobby pesado do servidor público. Mas, quando se fala em reforma tributária, todos os segmentos estão envolvidos e todos querem manter seus benefícios”

 

"É muito ruim esse tipo de imposto (CPMF). Nenhum país grande adota esse tipo de tributo. A Venezuela tem, com alíquita de 2%, e é o desastre que é”.