Correio Braziliense, n. 20614, 31/10/2019. Brasil, p. 7

Pré-sal não está descartado
31/10/2019 



O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, disse ontem que não está descartada a possibilidade do vazamento de óleo no Nordeste estar relacionado à exploração do pré-sal. “Uma das maiores autoridades nesse assunto, que é a Petrobras, diz que há muito que se analisar ainda em relação a petróleo de pré-sal. Então, a gente não pode descartar isso. Não há como descartar isso”, disse, ao responder ao questionamento do deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE), em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. 

“Veja bem, os laudos dizem que tem característica de óleo venezuelano. Quando eu digo que possa ser do pré-sal, é que, tecnicamente, eu não posso descartar isso”, completou. É a primeira vez que alguém do governo abre essa possibilidade. As declarações oficiais anteriores são de que o óleo é proveniente de três poços localizados na Venezuela, baseado em um relatório da Petrobras, que alega que o petróleo cru possui “assinatura” venezuelana. Ou seja, só é extraído naquele país. O governo de Nícolas Maduro negou a ligação com a origem do desastre. 

Azevedo negou que tenha havido omissão por parte do governo federal ao lidar com o vazamento e argumentou que desde o dia 2 de setembro os órgãos têm atuado. “Eu tenho absoluta tranquilidade em dizer que os órgãos ambientais, Ibama, ICMbio e os estados, além da Marinha e da Agência Nacional do Petróleo (APN), estão fazendo o que é para ser feito neste momento”, disse. 

Fiscalização 

A Câmara dos Deputados se movimenta para buscar respostas ao desastre ambiental e vê lentidão no governo federal. Ontem, foi aprovada a criação de Proposta de Fiscalização e Controle, que funciona como uma proposição legislativa para apurar irregularidades no âmbito da administração pública. Um dos objetivos é analisar as ações do Plano Nacional de Contingência. 

O parecer aprovado, de autoria do deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE), prevê uma auditoria operacional dos atos do Ministério do Meio Ambiente relacionados ao desastre ecológico. A auditoria seria feita pelo Tribunal de Contas. Os resultados serão apresentados aos integrantes da pasta para adequar a prevenção e a gestão de desastres. O autor da proposta, deputado Célio Studart (PV-CE), acredita que o projeto aprovado na Comissão do Meio Ambiente é essencial. “É imprescindível e urgente. Não vamos fazer dessa proposta um palco de disputa ideológica, mas vamos buscar a verdade para solucionar esse grave problema de proporções inéditas”, ressaltou.