Correio Braziliense, n. 20614, 31/10/2019. Política, p. 4 

Tropa bolsonarista tergiversa
31/10/2019



A expectativa era a de que a tropa de choque do PSL tentasse desqualificar o depoimento de Alexandre Frota (PSDB-SP) na CPI das Fake News. Os parlamentares da legenda que estavam presentes, todos da ala bolsonarista, no entanto, se preocuparam mais em marcar posição do que em desafiar o ex-correligionário e agora adversário. Somente Filipe Barros (PSL-PR) se preocupou em manter algum diálogo com o ex-colega de partido – começou suas indagações chamando-o de “amigo”. Mas seu foco foi, sobretudo, a suposta falsidade de um tuíte atribuído ao filósofo Olavo de Carvalho, apresentado por Frota na comissão. 

O líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro (SP), sequer inquiriu o depoente. Sua participação se resumiu a ataques ao deputado e à oposição, e sua fala acabou se transformando em uma troca de farpas. Em um dos momentos, o filho do presidente da República afirmou que o tucano “era menos promíscuo quando fazia filmes pornôs”. “Mas você assistia muito”, rebateu Frota, arrancando risos de outros parlamentares. Após terminar, Eduardo — que foi tratado por Frota jocosamente como “embaixador” — deixou o local sem ouvir a réplica. 

Antes, a deputada Caroline de Toni (PSL-SC) insistiu no mesmo ponto que Filipe Barros, o suposto tuíte de Olavo, e também em uma postagem de Frota na qual ela aparece numa foto com o blogueiro Allan dos Santos — responsável pelo site bolsonarista Terça Livre — e mais uma pessoa – o tucano acusou o trio de integrar o grupo que promove linchamentos virtuais dos adversários. Ela, no entanto, fez como Eduardo, e deixou o local sem ouvi-lo. 

Já a deputada Bia Kicis (PSL-DF), outra expoente do bolsonarismo, também esgrimiu com Frota. Diferente de Eduardo, escutou-o, mas deixou a comissão em seguida, para voltar no final e falar novamente, dessa vez sem perguntas direcionadas ao depoente. (LC)