Correio Braziliense, n. 21256, 05/08/2021. Brasil, p. 6

Começa hoje a volta às aulas presenciais no país
Fabio Grecchi
Fernanda Strickland
Gabriela Chabalgoity
05/08/2021



Ministros da Saúde e da Educação assinam portaria da retomada do ensino público nos colégios e institutos. Protocolo para evitar a disseminação do novo coronavírus entre professores e alunos difere pouco daquele que já é adotado em locais de grande circulação

O ministro da saúde Marcelo Queiroga e o ministro da educação, Milton Ribeiro, assinaram a portaria conjunta para a retomada das aulas presenciais nas instituições públicas a partir de hoje. Apesar disso, pouco há de diferente no protocolo de segurança para que o retorno de alunos e professores ao convívio nas escolas não sirva de vetor para que os casos de covid-19 voltem a aumentar — também ontem, o Brasil ultrapassou a marca dos 20 milhões de casos, registrando 20.023.533 infectados, sendo 40.716 apenas nas últimas 24 horas; os mortos pelo novo coronavírus estão 559.607.

As orientações para o retorno seguro são praticamente as mesmas que vêm sendo recomendadas há meses: higiene das mãos; distanciamento entre mesas e cadeiras; uso de máscaras e capacitação dos profissionais; utilização da máscara durante atividades físicas; criação de estoque suficiente de máscaras para as trocas durante o período de permanência na escola; manutenção de ambientes ventilados; escalonamento no horário de entrada e saída dos estudantes e nos intervalos entre as turmas; medição de temperatura de estudantes e profissionais ao chegarem à escola; evitar o uso de áreas comuns, como bibliotecas, parques, pátios e quadras; evitar ao máximo uso de materiais coletivos e compartilhamento de materiais — entre outras orientações.

"O retorno se impõe e nós não podemos mais postergar. É uma ação que transcende a ação do governo. É uma ação do Estado brasileiro. Por isso, precisamos estar juntos hoje para os alunos voltarem a ter aula", afirmou Queiroga, que defendeu o retorno às aulas presenciais também por uma questão social. "As crianças têm sido muito penalizadas. Sabemos que o advento da tecnologia traz a possibilidade de aulas à distância, mas uma aula nunca vai suprir as aulas presenciais, sobretudo no ensino básico", explicou.

Vacinação
Já o ministro da Educação, Milton Ribeiro, destacou que para o retorno mais seguro, os profissionais de educação passaram a fazer parte do grupo prioritário de vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, foram enviadas doses de vacina para imunizar, com pelo menos a primeira dose, 100% dos trabalhadores da educação do ensino básico e ensino superior dos estados e do Distrito Federal. "Hoje já temos, praticamente, as vacinas necessárias distribuídas em todos os lugares, em todos os estados", garantiu. De acordo com a pasta, mais de 3,2 milhões de profissionais da educação do ensino básico tomaram a primeira dose e mais de 594 mil estão com o ciclo vacinal completo ou tomaram a vacina de dose única.

Para a infectologista Ana Helena Germoglio, passou da hora para a retomada do ensino presencial. "Na verdade, o Brasil foi um dos poucos países no mundo onde as aulas presenciais demoraram tanto. Vários países, principalmente da Europa, mostraram para gente que mesmo retornando precocemente ainda no ano passado, após o início da pandemia, desde que tomadas as devidas precauções, é seguro retornar ao ambiente escolar", explicou.

Segundo a Ana Helena, o ambiente escolar deve ser visto também como um ambiente não só de aprendizado, mas também um elemento que faz a roda da economia girar. "Se os outros negócios já estão liberados, não existe motivo para o ambiente escolar não estar. A gente já sabe, depois de um ano e meio, que (a covid-19) é uma doença de transmissão basicamente viral e como se pode enfrentá-la eficientemente", disse.