Correio Braziliense, n. 21256, 05/08/2021. Brasil, p. 6

Doria acusa boicote na entrega de vacina
João Vitor Tavarez
05/08/2021



O governador João Doria disse, ontem, que o São Paulo recebeu apenas a metade das doses previstas de vacinas da Pfizer, o que deve atrasar a imunização de milhares de paulistas. Conforme disse, o estado recebeu "228 mil doses a menos do previsto da vacina da Pfizer" — ao todo seriam 456 mil. Afirmou no Twitter, ainda, que não "aceitará boicotes do governo federal" e que medidas serão tomadas para garantir a imunização da população.

"Aquilo que deveria ter sido entregue ao estado não foi. A última remessa de vacinas da Pfizer foi reduzida à metade sem nenhuma justificativa. A decisão que, como governador, qualifico como arbitrária, representa a quebra do pacto federativo. O governo federal decidiu punir quem fez o certo e foi eficiente na vacinação", reagiu Doria.

Pelas regras do Sistema Único de Saúde (SUS), cada estado tem direito a lotes proporcionais à população local, independentemente de público-alvo da vacinação ou tipo de imunizante disponível. São Paulo, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população aproximada de 46,3 milhões de pessoas. "Assim, tem direito a 22% das vacinas entregues pelo Ministério da Saúde pelo Plano Nacional de Imunizações (PNI)", disse o governo do estado. Um ofício foi remetido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pedindo o envio de mais 228 mil doses do imunizante em até 24 horas.

"Espero que isso não se sustente e que ministro da Saúde reveja imediatamente essa sua posição ou a posição do seu ministério e delibere a entrega imediata das 228 mi outras doses da vacina da Pfizer que não foram entregues a São Paulo", cobrou o governador.

O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que nenhuma unidade da Federação será prejudicada pelo envio de doses de vacinas, especialmente São Paulo. "Não há um percentual fixo de distribuição de doses por cada estado. Esse percentual evolui à medida em que cresce o Programa Nacional de Imunização", justificou Rodrigo Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde.