Correio Braziliense, n. 21243, 23/07/2021. Política, p. 4

Bolsonaro silencia
23/07/2021



O presidente Jair Bolsonaro evitou comentar a situação envolvendo o ministro da Defesa, Braga Netto, mesmo sendo questionado diretamente sobre o tema na tradicional live das quintas-feiras. Ele voltou, porém, a defender o voto impresso. "Nós queremos fazer com que o sistema eletrônico de votação seja mais confiável. Agora, por que eles estão contra? Por que o ministro Barroso vai para dentro do Congresso contra o voto auditável", acusou, numa referência ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. "Se o Lula tem 49% das intenções de voto, com voto auditável, impresso e com contagem pública, ele vai ganhar as eleições", argumentou.

Bolsonaro lembrou uma proposta anterior, que previa a adoção escalonada do voto impresso, começando com uma pequena amostragem das urnas. "Ia começar com 5%. Não tenho poder de decidir, mas falei que, da minha parte, fico feliz com 5%", disse. "Aí, o TSE veio dizer que prejudicava a segurança das eleições, que o fiscal iria lá fazer manutenção e ver o voto do eleitor. Hoje em dia, a tela trava também, e o fiscal vai lá e vê", acrescentou.

Mais cedo, Bolsonaro sustentou não poder admitir "que meia dúzia de pessoas tenham a chave criptográfica de tudo e, de forma secreta, contem votos numa sala secreta lá no Tribunal Superior Eleitoral". A declaração foi feita em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba. O mandatário repetiu que deverá fazer uma demonstração com o auxílio de um hacker para provar que houve fraude nas eleições de 2014 — vencida por Dilma Rousseff (PT).

"Na quinta ou na sexta, nós vamos apresentar aqui o que aconteceu no segundo turno por ocasião das eleições de 2014. Vai ser bastante objetiva para todos entenderem da inconsistência e vulnerabilidade. Temos aí várias ciências e podemos falar em probabilidade", declarou.