Correio Braziliense, n. 21240, 20/07/2021. Política, p. 2

Bolsonaro ataca vice da Câmara
20/07/2021



O presidente Jair Bolsonaro disse que vetará o aumento do fundo eleitoral, de R$ 5,7 bilhões, aprovado pelo Congresso. O valor, que cresceu R$ 4 bilhões, está previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e teve o voto de vários governistas e de parlamentares de oposição.

"O valor é astronômico. Mais R$ 6 bilhões para se fazer campanha eleitoral", criticou o chefe do Planalto, em entrevista à TV Brasil. "A cifra enorme, no meu entender, está sendo desperdiçada, caso seja sancionada. Posso adiantar que não será sancionada. Afinal de contas, eu tenho que conviver em harmonia com o Legislativo. E nem tudo que eu apresento ao Legislativo é aprovado, nem tudo que o Legislativo aprova, eu tenho obrigação de aceitar para o lado de cá. Mas a tendência é não sancionar isso daí, em respeito ao trabalhador."

Mais cedo, em encontro com apoiadores, reforçou ataques ao deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara e quem presidiu a sessão que aprovou o texto da LDO. Segundo Bolsonaro, o parlamentar é "insignificante" e atropelou o Regimento Interno da Câmara para não permitir que votassem em separado o dispositivo sobre aumentar o fundão eleitoral. "O presidente em exercício (da Casa), de Manaus. Qual o nome dele?", questionou a um apoiador. "Marcelo Ramos", respondeu o bolsonarista. "É tão insignificante que esqueci o nome dele. Atropelou os regimentos e não deixou vetar. Agora, cai para mim, sancionar ou vetar, tenho 14, 15 dias úteis para decidir", emendou.
No domingo, na saída do Hospital Vila Nova Star, Bolsonaro havia indicado que poderia vetar a mudança. Logo após ter alta médica e deixar a unidade, em São Paulo, o presidente procurou minimizar a cobrança sobre parlamentares bolsonaristas que endossaram o acréscimo de dinheiro público para as eleições do ano que vem.

Entre os principais partidos beneficiados pelo fundão turbinado, estão o PSL, ex-legenda de Bolsonaro, e o PT. Apesar de beneficiado, o PSL se manifestou contra a proposta após a aprovação do texto. A proposta, entretanto, foi aprovada em votação simbólica sem objeção dos parlamentares da sigla.
"Que covardia da mídia, nós aprovamos a LDO no ano passado. Tem de aprovar a LDO para a gente dar prosseguimento ao Orçamento. Agora, no meio da LDO, o relator botou lá quase R$ 6 bilhões para o fundo partidário. Covardia da mídia. Pegaram o nome dos deputados que votaram a LDO: 'Olha, eles votaram para aumentar o fundão'", protestou Bolsonaro, ontem. Segundo ele, o PT, que orientou e votou contra a lei de diretrizes orçamentárias, o fez porque quer inviabilizar o governo.
Questionado por um apoiador se essa inclusão na LDO poderia servir de moeda de troca em relação ao voto auditável que tenta aprovar, ele respondeu: "Acho que não se pensou dessa maneira".