Correio Braziliense, n. 21218, 28/06/2021. Política, p. 2

Barros: "Não há envolvimento meu no contrato"
28/06/2021



O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), voltou a negar, ontem, qualquer envolvimento no contrato firmado pelo governo federal para a aquisição da vacina Covaxin. Em depoimento à CPI da Covid, na sexta-feira, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que o presidente Jair Bolsonaro atribuiu a Barros a responsabilidade por eventuais irregularidades no processo de compra do imunizante.

Segundo Barros, a conversa relatada na CPI por Miranda seria sobre um processo judicial do tempo em que era ministro da Saúde. "Do ainda impreciso diálogo com o presidente da República, na transcrição da CPI, o caso em questão seria sobre a empresa Global e a compra de medicamentos não entregues. Trata-se de um processo judicial, em que provo a conduta em favor do SUS (Sistema Único de Saúde), quando fui ministro da Saúde", frisou em nota e em postagens no Twitter.

O presidente da Global Saúde é o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, responsável por intermediar a compra da Covaxin pelo Brasil. A Global já foi alvo de ação por irregularidade em contrato com o Ministério da Saúde, em 2018, à época em que Barros era ministro. Na ocasião, a pasta pagou R$ 20 milhões por remédios de alto custo, mas os produtos nunca foram entregues.

"Embora a Global seja sócia da Precisa Medicamentos, em análise pela CPI, esse processo em nada se relaciona com a aquisição de vacinas da Covaxin. Não participei de qualquer negociação para a compra desse produto", enfatizou Barros.

O líder do governo disse ser "evidente que não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas" contra ele, inclusive pelas entrevistas dadas, no fim de semana, pelos irmãos Miranda, numa referência ao deputado Luis Miranda e seu irmão e servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda.

"Reafirmo minha disposição de prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin", destacou o líder do governo.

Barros reafirmou que não foi sua a indicação da servidora Regina Célia para o cargo no Ministério da Saúde. A funcionária foi apontada na CPI como indicada de Barros ao posto. Ela teria dado aval para a negociação com o imunizante indiano. "Ela é servidora concursada desde 1995, não podendo haver escolha ou não de sua participação na rotina do Ministério da Saúde. Ocupou mais de cinco cargos de livre nomeação em quatro gestões presidenciais anteriores ou ao longo do período de seis ministros da Saúde ao longo de sua carreira", ressaltou.

O deputado ainda esclareceu que sua defesa pública em favor de mais agilidade por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da oferta de imunizantes e produtos para o combate à covid seria uma obrigação como ex-ministro da Saúde, além do fato de ser presidente da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos desde 2015.

Sobre a emenda, de sua autoria, à medida provisória que viabilizou a importação da Covaxin, Barros lembrou que o "tema foi motivo de emendas de oito parlamentares, entre eles, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz". "O Legislativo deve fazer sua parte para o acesso às melhores práticas e benefícios e ampliação do atendimento à população. Reitero que sempre busquei a transparência e o diálogo na minha vida pública e me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos à apuração da CPI."