Correio Braziliense, n. 21202, 12/06/2021. Política, p. 2

Ex-ministros recorrem ao Supremo
12/06/2021



O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu pedir informações à CPI da Covid antes de decidir sobre pedidos dos ex-ministros das Relações Exteriores Ernesto Araújo e da Saúde Eduardo Pazuello para suspender as quebras dos sigilos telefônico e telemático, aprovadas pelo colegiado. Despacho dado ontem, fixa prazo de 48 horas para que os senadores apresentem as informações.

Além dos dois, outros aliados do presidente Jair Bolsonaro e integrantes do chamado "gabinete paralelo" — grupo que assessorou o chefe do Planalto incentivando o discurso antivacina e favorável ao tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus — foram alvo da devassa aprovada pela CPI da Covid. A lista inclui o assessor especial da Presidência, Filipe Martins.

Ao menos cinco alvos das quebras de sigilo acionaram o STF para tentar suspender a medida. Além de Araújo e Pazuello, enviaram petições à Corte a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina; o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto, médico seguidor do escritor Olavo de Carvalho, tido como "guru do bolsonarismo" e entusiasta do "tratamento precoce"; e o ex-assessor especial do Ministério da Saúde Zoser Hardman.

No mandado de segurança apresentado ao STF, ontem, Araújo alegou que a justificativa para as quebras telefônicas e telemáticas era "muito frágil". "Não há qualquer indício material de que o ex-chanceler tenha procedido de modo incompatível ao desejo social e do governo federal de se obter vacina para todos, assim como combater, em outras frentes, a pandemia da covid-19", registrou.