O Estado de São Paulo, n. 46851, 25/01/2022. Política, p.A9

 

 

Rosa envia a PGR pedido para investigar Bolsonaro

 

 

Notícia-crime de parlamentares acusa presidente e ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de atrasar vacinação infantil


WESLEY GALZO
PEPITA ORTEGA

 

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradori-ageral da República (PGR) notícia-crime para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sejam investigados por suposta prevaricação na demora para incluir crianças de cinco a onze anos no programa de imunização contra a covid-19.

A notícia-crime foi proposta pelo senador Alessandro Vieira (SE), pré-candidato do Cidadania à Presidência, pela deputada federal Tabata Amaral (PSBSP) e pelo secretário de Educação do Rio de Janeiro, Renan Carneiro. A abertura de vista à PGR é praxe, pois cabe ao Ministério Público decidir se há elementos para abrir a apuração. O despacho de Rosa é de 7 de janeiro e foi publicado ontem.

Previsto no Código Penal, o crime de prevaricação é cometido por funcionário público que, no exercício da função, age ou deixa de agir por interesses pessoais. Os autores da petição enviada ao STF citam o encadeamento de eventos envolvendo a autorização do uso da vacina pediátrica da Pfizer no País como prova da suposta inação do governo para incluir as crianças no Programa Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid.

No dia 12 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do imunizante na população entre cinco e onze anos, mas somente em 15 de janeiro teve início a vacinação, após uma consulta pública do Ministério da Saúde.

A notícia-crime também cita declarações de Bolsonaro, como as que o presidente defende a exigência de prescrição médica para dar andamento à imunização infantil. O texto alega que Bolsonaro e Queiroga "impuseram obstáculos" que atrasaram a vacinação das crianças.

AFASTAMENTO. Ontem, os autores da petição assinaram, junto a outros congressistas, ação popular pedindo à Justiça Federal do Distrito Federal o afastamento do Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto. Ele foi o autor da nota técnica da Pasta que classificou como "eficaz" a hidroxicloroquina – medicamento com ineficácia comprovada contra a covid-19 – e afirmou que as vacinas contra a covid-19 – testadas e aprovadas – não demonstram a mesma efetividade. •