Correio Braziliense, n. 21168, 09/05/2021. Brasil, p. 6

 

Metade dos mais idosos não recebeu a 2ª dose

Israel Medeiros

09/05/2021

 

 

Passados 100 dias após o início da vacinação contra a covid-19 no país, grupo de pessoas com 80 anos ou mais ainda não recebeu a injeção de reforço. Levantamento mostra que o Centro-Oeste é a região com maior cobertura nessa faixa etária
Israel Medeiros

Metade dos idosos com mais de 80 anos no Brasil ainda não recebeu a segunda dose da vacina contra a covid-19. É o que mostra um estudo assinado por Mário Scheffer, da Universidade de São Paulo (USP), e Guilherme Werneck e Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O levantamento aponta que, entre a população brasileira com mais de 80 anos, que totaliza 4,44 milhões de pessoas, 90% já receberam pelo menos a primeira dose de um imunizante. Mas 50% desse público ainda não conseguiu a segunda dose.

Os dados vêm dos Registros de Vacinação Covid-19, do site OpenDataSus, que compila informações atualizadas até o dia 4 de maio, de acordo com o Ministério da Saúde. A região com menor índice de vacinação com a segunda dose entre maiores de 80 anos é a Sudeste, com apenas 48%. Logo depois está o Nordeste, com 49%; e, em terceiro lugar, a região Sul, com 51% de cobertura. A região melhor colocada no ranking é o Centro-Oeste, que já vacinou com as duas doses cerca de 63% de idosos nessa faixa etária.

O ritmo de vacinação continua lento mesmo mais de 100 dias após o início da imunização no país. O grupo de idosos acima de 80 anos foi o primeiro a ser chamado para receber a primeira dose, em janeiro. Já na população que tem entre 70 e 79 anos, que conta com 9 milhões de brasileiros, a cobertura vacinal é melhor: 62% já foram vacinados com a primeira e a segunda doses. Desta vez, o Sul se destaca, com 71% de vacinação da segunda dose.

Nesta faixa etária, os que tomaram pelo menos a primeira dose já somam 89%. Algumas regiões, como é o caso de Sul e Centro-Oeste, já vacinaram mais de 90% da população desse grupo. Entre os que têm 60 a 69 anos, faixa etária que passou a ser contemplada pela vacinação nas últimas semanas, o total de cobertura com duas doses é de apenas 12%. Isso porque o intervalo entre a primeira e segunda doses dura, pelo menos, duas semanas, a depender do fabricante da vacina.

Profissionais de saúde, que também são prioridade na distribuição de vacinas, apresentam baixo índice de retorno para o reforço do imunizante. Até agora, 45% deles receberam a segunda dose.

A vacinação entre idosos tem ajudado a diminuir o índice de mortes no país. É o que mostra um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) divulgado na última semana. Segundo o levantamento, a proporção de mortes por covid-19 entre idosos com 80 anos ou mais caiu pela metade após o início da vacinação.

Em janeiro, quando a vacinação começou, o percentual de mortes nesse grupo era de 28%; no fim de abril, esse índice passou a ser de 13%. No início do ano, a taxa de mortalidade entre pessoas desse grupo era 13,7 vezes maior do que pessoas de zero a 79 anos. A pesquisa mostra ainda que pelo menos 13,8 mil mortes foram evitadas em um intervalo de oito semanas.