Título: Arco do Triunfo
Autor: Marcus Quintella
Fonte: Jornal do Brasil, 07/03/2005, Outras OPiniões, p. A11

O projeto de construção da rodovia estadual RJ-109 foi denominado de Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, porque promoverá a interligação das rodovias federais BR-116, BR-040, BR-101 e BR-493 e circundará a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A rodovia, com 145 km de extensão, começará em Itacuruçá, passará por Sepetiba e cruzará toda a Baixada Fluminense até Manilha. Outrossim, o arco promoverá a articulação entre importantes pólos econômicos do Rio, como a Reduc, o Porto de Sepetiba e o futuro complexo gás-químico, a Rio Polímeros, além da integração com pólos de produção de outros estados, sem contar com a retirada do tráfego pesado que circula atualmente na Av. Brasil, Ponte Rio-Niterói e Via Dutra, que tantos malefícios traz para a nossa população.

A área de influência do arco transcenderá as fronteiras fluminenses, uma vez que as cargas provenientes do Paraná, Mato Grosso e Goiás poderão ser escoadas também por Sepetiba. No caso das cargas geradas em Minas Gerais, São Paulo e Bahia, haverá uma redução de 60 km no trajeto até Sepetiba.

Como está muito bem localizado geograficamente, numa região que representa 70% do PIB nacional, o Porto de Sepetiba tornar-se-á extremamente competitivo com o arco, já que passará a contar com excelente logística de transporte, que ressaltará a sua tendência natural de hub port, ou seja, de porto centralizador e distribuidor de comércio intra-regional, nacional e internacional.

Segundo estudos, a construção do arco está orçada em R$700 milhões e, após sua conclusão, poderá gerar cerca de 100 mil empregos diretos e 200 mil indiretos, além de movimentar R$3 bilhões por ano em produtos e serviços.

O arco será responsável pela plena utilização da capacidade do Porto de Sepetiba, desde que sejam feitas melhorias em sua infra-estrutura, e pela conseqüente transformação do Rio de Janeiro, em médio prazo, no maior pólo exportador do Brasil, no maior complexo portuário da América Latina e num dos maiores centros mundiais de distribuição de contêineres.

Em última análise, por tratar-se de um projeto de portentosa envergadura política e de grande monta, a viabilização financeira da obra somente poderá ocorrer por meio de parcerias público-privadas (PPP), estadual e federal. Pelo lado público, existem as fontes de recursos federais, como o BNDES, o Tesouro Nacional e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), e de recursos estaduais, como o Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (FUNDES). Pelo lado privado, as fontes de recursos são mais diversificadas, como empréstimos em instituições nacionais e internacionais, aportes de capitais, fundos de pensão, entre outros.

Há notícias de que a modelagem da PPP para a construção do arco já foi concluída, assim como o projeto básico e o estudo de viabilidade. Desta forma, diante das fortes evidências da vital importância do arco para as economias fluminense e nacional, não se pode admitir qualquer disputa política que esteja impedindo o início imediato das obras. Esse projeto, que começou a ser elaborado em 1978, pelo então DER-RJ, poderá levar mais tempo que seu homônimo francês, o Arco do Triunfo, iniciado em 1806 e concluído em 1836. Caso o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro seja iniciado até o final deste ano e concluído, como previsto, em três anos, na pior das hipóteses haverá empate com a obra idealizada por Napoleão, que, para nós, será considerado um triunfo.