O Globo, n. 32037, 24/04/2021, Sociedade, p. 11

 

81% das vacinas foram para países ricos, afirma OMS

24/04/2021

 

 

As vacinas contra o coronavírus permanecem fora do alcance de países mais pobres, disse ontem em comunicado Tedros Adhanom Ghebreyesu, chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), na data que marca o primeiro aniversário do consórcio Covax. — Quase 900 milhões de doses de vacinas já foram administradas globalmente, mas mais de 81% foram para países de renda alta ou média alta, enquanto as nações de baixa renda receberam apenas 0,3% — disse o diretor-geral da OMS. Adhanom ainda pediu aos países mais ricos para compartilharem as doses em excesso afim de ajudar a inocular profissionais de saúde em países de baixa renda. Mais de 3 milhões de pessoas já morreram por conta da pandemia de Covid-19. A Covax, que já enviou 40,5 milhões de doses para 118 países, pretende garantir 2 bilhões de doses até o fim de 2021. Na quinta-feira, o consórcio, co-administrado pela Gavi Vaccine Alliance e a OMS, afirmou que estava tentando aumentar seu fornecimento de vacinas para países pobres de novos fabricantes, com o objetivo de mitigar problemas de fornecimento do imunizante AstraZeneca que é fabricado na Índia.

DOSES ATRASADAS

O Brasil esperava receber 2,5 milhões de doses do consórcio até março. No entanto, menos da metade chegou. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou na quarta-feira a demora do Covax como uma das justificativas do atraso de quatro meses do fim da vacinação de grupos prioritários.

A Índia relatou a maior contagem diária de casos de coronavírus pelo segundo dia ontem, ultrapassando 330 mil novos casos, enquanto luta com um sistema de saúde sobrecarregado por pacientes e com falta de oxigênio médico. No comunicado, Adhanom: também ressaltou que países mais pobres, em geral, testam menos que os ricos, e sofrem mais com a escassez de fármacos: —Os países de baixa renda testam menos de 5% do que os de alta renda, e a maioria deles ainda tem dificuldades no acesso ao oxigênio e à dexametasona [esteróide aprovado pela OMS usado para tratar pacientes em estado grave da Covid-19].