O Globo, n. 32037, 24/04/2021, País, p. 5

 

Comandante diz que Exército é ‘vetor de estabilidade’ do país 
Daniel Gullino
24/04/2021

 

 

 

O novo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que a corporação vai trabalhar "sob a estrita observância da ordem constitucional vigente" e que continuará sendo um "vigoroso vetor de estabilidade". As declarações foram feitas em um vídeo publicado ontem, direcionado aos membros do Exército. Foi a primeira fala pública do novo comandante, que tomou posse na terça-feira. —Fiéis aos princípios basilares da hierarquia e da disciplina, e sob a estrita observância da ordem constitucional vigente, devemos continuar a representar vigoroso vetor de estabilidade e de garantia da ordem e da paz social — afirmou Nogueira. O general agradeceu ao ministro da Defesa, Braga Netto, pela sua indicação, e ao presidente Jair Bolsonaro, por sua nomeação. Também fez elogios ao seu antecessor, Eduardo Leal Pujol, pela "grandeza" e "serenidade" durante a transição. — Agradeço também ao general Leal Pujol, pela grandeza com que me transmitiu o cargo, com inequívocas demonstrações de lealdade e camaradagem.

A serenidade e o equilíbrio com que conduziu esse processo foram fundamentais para uma transição eficiente, tendo por base os valores e tradições da Força e sua missão. No mês passado, Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Braga Netto, ao assumir, por sua vez, demitiu os comandantes das Forças Armadas. Um dos motivos para o desgaste de Bolsonaro com Azevedo foi justamente uma insatisfação do presidente com a atuação de Pujol à frente do Exército. O presidente cobrava do comandante uma defesa de posicionamentos do governo e reclamava de falta de apoio público.

Também irritou Bolsonaro o fato de Pujol não ter se manifestado sobre a anulação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente comparava o silêncio ao fato de o antecessor de Pujol no comando, o general Villas Bôas, ter publicado um texto nas redes sociais na véspera do julgamento do último habeas corpus antes da prisão de Lula que foi interpretado como uma pressão sobre a Corte.