O Globo, n. 32036, 23/04/2021, País, p. 7

 

Mourão admite concorrer a uma vaga no Senado em 2022

23/04/2021

 

 

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou ontem que não descarta a possibilidade de concorrer ao Senado Federal após o término do seu mandato no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Mourão admitiu ainda a chance de uma saída antecipada do governo, caso seja necessário. Distante do presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente sequer tem sido chamado para reuniões com o alto escalão do governo e, mesmo com o cargo de presidente do Conselho da Amazônia, ficou fora das negociações que debateram a participação do Brasil na Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizado pelo presidente americano, Joe Biden.

— Eu hoje estou preparado para cumprir a minha parte como vice-presidente do presidente Bolsonaro e acompanhá-lo até o final deste mandato — declarou Mourão durante entrevista em uma live promovida pelo programa “Brasil em Questão”, de São Paulo.

— A partir daí, ou então antes disso, se por acaso houver uma outra oportunidade de eu contribuir para a melhoria do nosso país, a gente estuda essa situação.

A despeito das declarações, Mourão não deu mais detalhes sobre uma possível candidatura para ocupar uma cadeira no Senado Federal, embora seu nome seja sempre apontado entre as opções para representar o Rio Grande do Sul, estado em que nasceu.

TROCA DE FARPAS

Apesar das frequentes trocas de farpas com Bolsonaro, Mourão garantiu que disputar a presidência contra ele está fora de questão.

— Hoje, não vejo nenhuma possibilidade de candidatura minha à Presidência, uma vez que o presidente Bolsonaro é candidato. E jamais concorrei contra ele — afirmou Mourão, alegando que isso estaria “fora de seus preceitos éticos”.

Bolsonaro já sinalizou que está buscando um novo nome para acompanhá lo na chapa em que concorrerá a reeleição. Um dos nomes cotados é o do ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Após ser escanteado dos encontros que discutiram os temas que seriam levados para a cúpula do clima, como informou a colunista do GLOBO, Malu Gaspar, Mourão ironizou ontem a meta climática determinada por Bolsonaro no encontro de líderes, além de minimizar a importância do evento.

— Tinha desde grandes países até países bem pequenos (na cúpula). É mais uma carta de intenções que cada um colocou. E aí neguinho chega ali: “Em 2060...”. Pô, nós todos já viramos pó —disse Mourão.

Em 2018, Mourão foi a quarta opção de vice para compor a chapa com Bolsonaro. Antes, o então candidato à Presidência havia feito três tentativas que não deram certo: ele sondou o então senador Magno Malta, o general Augusto Heleno, do PRP, e a advogada Janaína Paschoal, do PSL. Todos recusaram o convite.