O Globo, n. 32033, 20/04/2021, Economia, p. 21

 

Silva e Luna promete respeitar paridade internacional de preços
Bruno Rosa
20/04/2021

 

 

 

O general Joaquim Silva e Luna tomou posse ontem, em cerimônia transmitida on-line, como novo presidente da Petrobras, oficializando a troca no comando da estatal decidida pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro. Quatro funcionários de carreira da estatal também assumiram cargos de diretores executivos, conforme antecipou O GLOBO.

Participaram da cerimônia o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo Saboia, e o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Eduardo Bacellar.

Em seu discurso, Silva e Luna agradeceu Bolsonaro pela indicação e afirmou que pretende conciliar os diferentes interesses de acionistas, governo, petroleiros e consumidores em sua gestão.

‘CHEGAR OUVINDO MAIS’

Ele destacou ainda que vai manter a paridade de preços em relação às cotações do petróleo e do dólar no exterior. O teor da fala agradou ao mercado, que havia considerado a troca no comando da empresa uma intervenção de Bolsonaro na estatal, com o objetivo de controlar os preços dos combustíveis. As ações da estatal chegaram a subir até 8% na Bolsa brasileira, a B3.

Para analistas, o discurso buscou acalmar os investidores, receosos de uma nova mudança na política de preços.

—Entendo que quem chega deve chegar ouvindo mais e falando menos. Então vou começar pela conclusão, agradecendo. Agradeço ao presidente Bolsonaro, que me indicou para o cargo —disse Silva e Luna. E prosseguiu:

— É fazer tudo isso conciliando interesses de consumidores e acionistas; valorizando os petroleiros; buscando reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional; perseguindo a redução da dívida; investindo em pesquisa e desenvolvimento; e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional.

Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis desde meados de fevereiro desgastaram o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que acabou sendo demitido por Bolsonaro. Antes da saída de Castello Branco, na semana passada, a Petrobras elevou o preço do gás às distribuidoras em até 39%, o que provocou novas críticas de Bolsonaro.

Na cerimônia de posse, o general afirmou que vai se “inteirar, no mais curto prazo, do que for possível” com diretores e conselheiros da estatal para alinhar percepções e avançar com a “cooperação e o comprometimento de todos ”.

Silva e Luna disse que “quando o homem avança, oque vai à frente é o seu passado ”:

— Mas o passado é apenas uma referência. O que se quer do novo presidente da Petrobras, imagino, é o novo que se espera que ele produza, em equipe, alinhado com a missão da empresa, liderando um time capaz de vencer desafios, nessa complexa conjuntura, entregando resultados.

O ministro de Minas e Energia também falou em continuidade. Em seu discurso, Bento Albuquerque enalteceu o currículo de Silva e Luna, de experiência “ampla e diversificada”. O ministro citou ainda a manutenção dos investimentos da companhia e a abertura do mercado de gás, entre outros:

— Destaco os projetos de desinvestimento para reduzir a dívida e aumentar a capacidade de investimento.

Os nomes de Silva e Luna e dos quatro novos diretores foram aprovados pelo Conselho de Administração da empresa na sexta-feira.