O Estado de São Paulo, n. 46467, 06/01/2021. Política, p. A8

 

PSD anuncia apoio a Pacheco no Senado

Anne Warth

Daniel Weterman

Leonardo Augusto

06/01/2021

 

 

 
Candidato de Alcolumbre, senador recebe adesão da 2ª maior bancada da Casa para se contrapor ao MDB, que terá nome na disputa

A bancada do PSD decidiu, por unanimidade, apoiar o candidato do DEM, Rodrigo Pacheco (MG) para a presidência do Senado. Pacheco é apoiado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para a sua sucessão, em fevereiro. A decisão foi tomada após reunião por videoconferência, ontem à noite. O PSD tem a segunda maior bancada da Casa, com 11 senadores – o DEM tem cinco.

"O PSD entende que o senador Rodrigo Pacheco reúne todas as condições para presidir, contribuir e garantir as tradições políticas, administrativas e legais que regem o funcionamento do Senado Federal", afirmou a bancada, por meio de nota. A legenda é a primeira a anunciar formalmente uma aliança com o candidato.

O apoio foi negociado ainda durante a tarde, na casa do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil – a capital mineira é a maior cidade sob comando do PSD. Na reunião, Pacheco acenou com a possibilidade de apoiar um nome do PSD para o governo de Minas, em 2022. Kalil, reeleito em primeiro turno, e o senador Carlos Viana (PSDMG) são apontados como possíveis candidatos, mas Pacheco sempre foi visto como uma "sombra" para o prefeito.

Participaram do encontro, que durou cerca de quatro horas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e os senadores Antonio Anastasia (MG), Carlos Viana (MG) e Otto Alencar (BA). O Estadão/broadcast apurou que o PSD pediu a Pacheco, em troca do apoio à sua candidatura, a presidência das duas comissões mais cobiçadas: Constituição e Justiça (CCJ) e Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Além disso, em caso de vitória do candidato do DEM, também espera ficar com a Primeira Secretaria da Mesa Diretora.

Líder do partido na Casa, Otto Alencar disse, no entanto, que qualquer negociação sobre cargos em comissões e na Mesa Diretora será feita apenas após a eleição. "Não tem como tratar de um assunto como esse antes da conclusão da eleição", afirmou. "Não vou constranger nenhum candidato que vá à eleição. Não é do meu feitio".

Ofensiva. O acordo entre Pacheco e o PSD é uma ofensiva contra o MDB, dono da maior bancada (13 senadores) que anunciou, em dezembro, candidatura própria.

Adversários de Alcolumbre avaliam que podem lançar um bloco independente para tentar derrotá-lo na eleição. O "Muda, Senado" – grupo que reúne 18 senadores e apoiou Alcolumbre em 2019, mas passou a fazer oposição interna a ele – poderá se dissolver e se juntar a outros senadores na disputa. Integrantes do grupo calculam que é possível reunir 22 votos.

O movimento é uma reação ao avanço da candidatura de Pacheco e à aproximação do senador com o Palácio do Planalto. Nos bastidores, opositores do atual presidente do Senado avaliam a possibilidade de votar no candidato do MDB, mas a definição ainda depende de quem será o emedebista na disputa. O MDB tem quatro pré-candidatos: Eduardo Gomes (TO), Fernando Bezerra Coelho (PE), Simone Tebet (MS) e Eduardo Braga (AM).

Tamanho

11

senadores tem o PSD, do ex-ministro Gilberto Kassab; O MDB, maior bancada da Casa, tem 13, e o DEM, partido de Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco, possui cinco.