O Estado de São Paulo, n. 46488, 27/01/2021. Política, p A4.

 

Religiosos protocolam pedido de impeachment

CAMILA TURTELLI

DANIEL WETERMAN

27/01/2021

 

 

Representantes católicos e evangélicos protocolaram ontem um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, sob o argumento de que ele agiu com negligência na condução da pandemia de covid-19.

O documento é assinado por padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e pastores. Embora sem o apoio formal das igrejas, o grupo tem o respaldo de outras organizações como a Comissão Brasileira Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Aliança de Batistas do Brasil.

"Temos a consciência de quem nem todas as pessoas das nossas igrejas são favoráveis a esse ato que estamos fazendo, mas é importante destacar essa pluralidade que existe no cristianismo. Nem todo cristianismo é bolsonarista", disse a pastora Romi Márcia Bencke, representante do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil.

A decisão de aceitar ou não a abertura de impeachment cabe ao presidente da Câmara – até então, desde o início do mandato de Bolsonaro haviam sido protocoladas mais de 60 ações desse tipo contra o presidente, das quais 57 estão ativas.

No pedido, os líderes religiosos atribuem ao presidente o agravamento da crise e, consequentemente, o número de mortes.

Para eles, Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e desrespeitou princípios constitucionais e o direito à vida e à saúde. Declarações de Bolsonaro durante a pandemia, como chamar o novo coronavírus de "gripezinha", são citadas no pedido de impeachment.

Partidos como PT, PDT, PSB, PSOL, PCDOB e Rede devem protocolar hoje na Câmara outro pedido de afastamento.