O Globo, n. 32029, 16/04/2021, Sociedade, p. 13

 

Produção nacional de vacinas deve ser priorizada, diz OMS

Ana Letícia Leão

16/04/2021

 

 

A diretora-geral assistente da área de Acesso a Medicamentos e Produtos Farmacêuticos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mariângela Simão, afirmou, ontem, que vacinas importadas contra a Covid-19 não darão conta de suprir a imunização no Brasil. Segundo Simão, há “muita expectativa” em relação à chegada de doses de outros lugares para o país, em detrimento da produção nacional, que hoje responde pela vacinação da maioria dos brasileiros:

— Há muita expectativa de que possa chegar vacina de outros lugares para os brasileiros, mas isso não vai acontecer. Eu lamento ser bem transparente neste ponto, mas o Brasil não pode contar como que vai chegar. Temos dois pilares no Brasil, que é Instituto Butantan e a Fiocruz. O incentivo à produção local é um imperativo.

A especialista participou de um encontro online da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e, além de vacinação, defendeu medidas mais drásticas no país para diminuir a transmissão do vírus.

— Quando chega a um ponto em que o sistema de saúde está colapsando e há aumento da letalidade do vírus, as medidas mais drásticas que possam diminuir a transmissão de pessoa a pessoa precisam ser tomadas. São medidas antipáticas, precisam ser temporárias, mas têm que ser consistentes. As informações precisam ser dadas entre governos federal, estadual e municipal —disse.

Simão também criticou o uso de medicamentos sem comprovação científica para tratar a Covid-19, citando como exemplo Azitromicina, Hidroxicloroquina e Ivermectina.

— Tenho ainda visto que prefeituras e o próprio Ministério da Saúde estavam recentemente falando sobre o “kit prevenção”. Devemos dizer que isso é jogar dinheiro fora, porque há fartas evidências científicas nas guias terapêuticas da OMS de que nenhum desses medicamentos têm influência, seja na prevenção ou na diminuição da gravidade da doença —concluiu.