O Globo, n. 32024, 11/04/2021, País, p. 5

 

Um ano depois, pautas citadas em reunião avançaram

Dimitrius Dantas

Julia Lindner

11/04/2021

 

 

Há um ano, todos os ministros do governo Bolsonaro se reuniram para a discussão de um plano que acreditavam ser o caminho para a superação da pandemia: obras e investimentos públicos focados no reaquecimento da economia. À época, o Brasil registrava 2.924 mortes pelo coronavírus —não por dia, mas ao todo —, e as lideranças do governo acreditavam que o pior já tinha passado.

As imagens da reunião, que vieram a público por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mostram que, apesar de avaliações equivocadas sobre a extensão dos efeitos do vírus, políticas defendidas no encontro, como a flexibilização de acesso às armas, foram implementadas. Marcada pela desorganização, xingamentos e ameaças a outras instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o encontro, que ocorreu em 22 de abril de 2020, causou uma crise política que tensionou a relação com outros Poderes e, dois meses depois, teve como efeito a demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação.

O “responsável” pela divulgação da reunião, Sergio Moro —a determinação do então ministro Celso de Mello partiu de um pedido dele —, também não está mais no governo, e foina área que esteve sob sua alçada em que uma das diretrizes anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro passará avigorar. No encontro, oche fedo Executivo defendeu “armar a população” — a partir de amanhã, passará avigorar um decreto que estende para seis armas o limite que um cidadão pode ter em casa. No encontro, Bolsonaro também evidenciou que faria mudanças em cargos ligados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, declaração que Moro apresenta como uma das provas da interferência do presidente na Polícia Federal.

O inquérito que apura o caso ainda está em aberto no Supremo. De lá para cá, o ex-juiz foi substituído por André Mendonça, quena semana passada deu lugara Anderson Torres — delegado que é adversário de Moro. No comando da PF, a tentativa de emplacar Alexandre Ramagem foi barrada pelo STF, o que levou o posto a ser ocupado, na ocasião, por Rolando de Souza. Na semana passada, foi oficializada nova troca: Paulo Maiurino assumiu a chefia da corporação.

“PASSAR A BOIADA”

Outra frase marcante da reunião partiu do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ao afirmar que a imprensa estava focada na pandemia, ele defendeu que seria um bom momento para “passara boiada”, flexibilizando regras ambientais. Pesquisadores da UFRJ encontraram 57 dispositivos legais de desregulação e flexibilização, enfraquecendo regras de preservação —mais da metade foi publicada após a frase de Salles.

Já no combate à pandemia, o Ministério da Saúde volto upara as mãos deu mm édico— Nelson Teich, presente ao encontro, foi substituído no mês seguinte pelo general Eduardo Pazuello —, masa presença de Marcelo Queiroga não foi capaz de alterar completamente apostura de Bol sonar o.Op residente segues e manifestando contra medidas de isolamento social e, ontem, circulou sem máscara por Brasília.

Divulgação de imagens da reunião elevou tensão entre governo e STF