Correio Braziliense, n. 21.140, 11/04/2021. Brasil, p. 6

 

Pressão para não haver apagão

11/04/2021

 

 

Cansados de esperar que o Ministério da Saúde organize a vacinação contra a covid-19, os governadores se articulam para a compra de 37 milhões de doses da Sputnik V, imunizante russo, e pressionam pela celeridade na aprovação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de modo a conseguir incorporá-las ao Plano Nacional de Imunização (PNI) ainda este mês, a fim de que não haja hiatos na imunização pelo país. Em ofício enviado à pasta, o Fórum dos Governadores verbalizou a preocupação de não haver doses para garantir a injeção de reforço.

No texto, o coordenador do grupo e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), sugeriu uma revisão semanal das vacinas para garantir a disponibilidade. Sem a segunda injeção, joga-se por terra todo o esforço de imunização feito até agora, que alcançou aproximadamente 10% da população. "Sugerimos a apresentação de orientação para não faltar vacinas para a segunda dose da CoronaVac, conforme o cronograma de entrega, pois esses esforços são necessários para alinharmos a aplicação das vacinas que recebemos periodicamente", pediu Dias. O receio é por causa do descompasso na velocidade entre as aplicações e a entrega de fármacos pelo governo federal.

O Ministério da Saúde distribuiu 47,5 milhões de doses, mas somente 61% delas chegaram aos brasileiros, de acordo com o Painel Covid-19 – Estatísticas do Coronavírus — plataforma criada pelo analista de sistemas e matemático Giscard Stephanou a partir de dados oficiais. A recomendação da pasta é para que não se forme estoque de vacina.

Mas o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu o risco de a vacinação ser paralisada. "O cenário que vemos hoje não é só do Brasil. Há dificuldade em muitos outros países", disse, na última sexta-feira, atribuindo a carência de fármacos a um problema mundial. (BL e MEC)