O Globo, n. 32023, 10/04/2021, Sociedade, p. 9

 

Amazônia tem recorde de desmatamento em março

10/04/2021

 

 

Ao menos 367 km de flor esta foram perdidos, 12,5% mais que no mesmo mês em 2020. Salles exonera quatro superintendentes do Ibama

Março de 2021 registrou recorde de alertas de desmatamento na Amazônia na série histórica do Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), sistema de vigilância do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) implementado desde 2015. Ao menos 367 km² de floresta foram perdidos, o que significa um aumento de 12,5% em relação a março do ano passado. O crescimento de março se deu após duas quedas sucessivas, em janeiro e fevereiro. No primeiro mês de 2021, inclusive, houve uma redução de 70% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados do Inpe foram compilados pelo Ministério da Defesa.

Em nota, o Greenpeace observa que o aumento de 12,5% nas medições ocorreu mesmo com uma cobertura de nuvens superior, que pode ter dificultado a leitura dos radares do Deter. — Oque já é ruim pode piorar, com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente, e o Congresso Nacional trabalhando para legalizar grilagem, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir terras indígenas para mineração, o desmatamento tende a continuar em alta — diz Cristiane Mazzetti, Gestora Ambiental da ONG. O Greenpeace afirma, ainda, que o atual governo é responsável por um "aumento histórico do desmatamento, com taxas anuais não observadas desde 2008, com 9% de aumento em 2020 comparado ao ano de 2019". A organização lembra a paralisação do Fundo Amazônia e o corte de recursos para a proteção do meio ambiente, como verificado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2021. Segundo a entidade, grandes polígonos de desmatamento têm sido observados em imagens de satélite, com áreas de até 5 mil hectares.

EXONERAÇÃO NO IBAMA

Ontem, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, exonerou quatro superintendentes do Ibama encarregados de coordenar as atividades do órgão na Bahia, Tocantins, Amazonas e Paraíba. No Amazonas, o ex-Chefe de Estado-Maior da Brigada Rezende Guimarães Filho saiu da superintendência do Ibama. Na Paraíba, o advogadoe professor Arthur Martins Marques Navarro deixou o Cargo e, na Bahia, o empresário Rodrigo Santos Alves. Tocantins foi o único estado onde um substituto já foi nomeado: sai o mestre em Biologia Flavio Luiz de Souza Silveira, entra Luiz Carlos Fernandes. O Ministério do Meio Ambiente informa que os superintendentes do Amazonas e da Bahia pediram demissão pois irão assumir outros cargos públicos. Sobre os representantes do Tocantins e da Paraíba, disseram se tratar de "trocas administrativas normais ", sem informara justificativa para as exonerações. O movimento de exoneração de ocupantes de altos cargos na alçada do Ministério do Meio Ambiente ocorre desde o começo da gestão de Salles. Empou comais de dois anos, já deixaram os cargos dois presidentes do ICMBio; a ex-presidente do Ibama, Suely Araújo; o ex-diretor de fiscalização do Ibama, Olivaldi Azevedo, e pelo menos mais dois servidores da pasta; o ex-presidente do Jardim Botânico, Sérgio Besserman; e o chefe do Centro Nacional de Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), José Carlos Mendes de Morais. (Com G1)