Correio Braziliense, n. 21.139, 10/04/2021. Brasil, p. 5

 

Fiocruz produz IFA a partir de maio

10/04/2021

 

 

Para solucionar o gargalo nos atrasos das vacinas, a autonomia de produção inteiramente nacional é peça-chave. Por isso, o Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se prepara para começar a produzir o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da vacina de Oxford/AstraZeneca em território nacional. A expectativa é de que produza os primeiros lotes já em maio, mas, como o processo é longo e demorado, a produção de uma vacina totalmente feita no país só deve ser entregue ao Ministério da Saúde entre setembro e outubro próximos.

Ontem, o diretor do Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, afirmou que as estruturas para a fabricação da matéria base "estão prestes a ficarem concluídas, com todos os equipamentos montados, qualificados e aguardando a visita da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que será na última semana de abril". Na ocasião, os técnicos da autarquia farão a inspeção do local, a fim de fornecer as certificações das condições técnico-operacionais para que o Bio-Manguinhos possa começar o processo de produção.

A expectativa é de que, a partir do próximo mês, o IFA comece a ser fabricado no Brasil. No entanto, Zuma alertou que a fabricação leva tempo para ser concluída. "A produção de um lote leva, pelo menos, 45 dias e, depois, tem todo o processo de controle de qualidade e caracterização. Teremos que produzir alguns lotes para validação. É um processo longo", explicou.

Além disso, para a vacina com IFA nacional poder ser aplicada, a Fiocruz precisa, ainda, pedir uma alteração no registro da vacina de Oxford/AstraZeneca junto à Anvisa. Segundo Zuma, a mudança é necessária, pois o registro definitivo obtido pela fundação é da vacina com IFA produzido na China.

Por isso, enquanto a vacina 100% não chega, a Fiocruz mantém o Plano Nacional de Imunização (PNI) a partir do material importado, aumentando a produção para 20 milhões de doses mensais, a partir de maio.

Ao comentar o projeto que permite às empresas comprar vacinas, mas sem repassá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que "desde que haja vacina suficiente, nós temos condição de imunizar toda a sociedade". Já a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, ponderou que, em relação às razões epidemiológicas, sua posição é pelo fortalecimento do SUS. "Há uma importância da priorização dentro de uma visão de proteção tanto individual, dos setores mais vulneráveis, quanto coletiva", disse, acrescentando que não se opõe à contribuição privada, desde que, nesse momento, esteja disponível para todos. (BL e MEC)

Frase

"A produção de um lote leva, pelo menos, 45 dias e, depois, tem todo processo de controle de qualidade e caracterização.
É um processo longo"
Maurício Zuma, diretor da Bio-Manguinhos