Correio Braziliense, n. 21.138, 09/04/2021. Economia, p. 6

 

Aumento de lares à míngua

09/04/2021

 

 

Na análise sobre os efeitos da pandemia de covid-19 no mercado de trabalho, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) chama a atenção para um aumento de 25% para 31,5% no total de domicílios sem renda do trabalho, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, o que provocou um salto significativo nas desigualdades. No quarto trimestre, a proporção dos lares nessa condição chegou a 29%, mostrando uma recuperação lenta do nível de ocupação, em relação ao período pré-pandemia, mas voltou a cair. 

“De forma mais concreta, no quarto trimestre de 2020 a renda domiciliar do trabalho da faixa de renda alta era 28 vezes maior que a da faixa de renda muito baixa, valor menor que no mesmo trimestre do ano anterior (30,3), o que reflete a maior queda da renda entre os domicílios de renda alta“, explica o levantamento.

No entanto, no segundo trimestre do ano, observou-se forte queda nesse indicador, que atingiu apenas 78% das horas habituais, correspondentes a 30,7 horas semanais. O impacto foi maior entre os informais do setor público (72%) e os trabalhadores por conta própria (73%). No quarto trimestre, esses dois tipos de vínculo registraram 92% e 94% das horas habitualmente trabalhadas, respectivamente. 

“É possível detectar um aumento do afastamento do trabalho no primeiro trimestre de 2020, especialmente entre trabalhadores do setor público. No segundo trimestre, o afastamento da ocupação atinge 16,26% dos trabalhadores, afetando mais de 13,5 milhões. No quarto trimestre de 2020, a proporção de trabalhadores afastados já havia amplamente retornado aos patamares habituais. Contudo, o principal motivo do afastamento é ainda a pandemia”, informa o estudo. (VB)